O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Billie Eilish não disse que queria ser pobre para poder se conectar com fãs

Alegação falsa: Publicações compartilhadas nas redes sociais compartilharam uma reprodução de tela de uma suposta entrevista publicada na revista People na qual a cantora Billie Eilish teria declarado: "Quando fiquei rica, comecei a chorar muito, queria ser pobre para poder me conectar com a maioria dos meus fãs”.

Verdade:

  • Em declaração à agência AFP, Julie Farin, porta-voz da People, disse que o artigo compartilhado nas redes sociais nunca foi publicado pela revista.
  • Uma busca reversa na internet mostra que a reprodução de tela compartilhada foi manipulada digitalmente a partir de um artigo publicado pela People no último dia 22 de julho com o título: “Billie Eilish está ‘muito mais confiante’ ao lançar ‘Happier Than Ever’: ‘Eu me sentia como se não tivesse muito talento’”.
  • O irmão de Eilish, Finneas O'Connell, desmentiu a alegação em um tuíte no último dia 27 de julho: "Falso, obviamente. Honestamente, eu só gostaria que eles rotulassem essa conta como sátira, assim como o The Onion ou algo do tipo. Não tenho nenhum problema com uma piada, desde que as pessoas saibam que é uma piada”.

Mundo

Djokovic não se referia a Simone Biles quando disse que “a pressão é um privilégio”

Alegação falsa: Publicações compartilhadas no Facebook, Twitter e Instagram alegam que o tenista sérvio Novak Djokovic teria comentado sobre a decisão da ginasta americana Simone Biles de desistir de competições nos Jogos Olímpicos de Tokyo-2020 com a seguinte declaração: “A pressão é um privilégio.

Se o seu objetivo é estar no topo do jogo, é melhor começar a aprender como lidar com a pressão”.

Verdade:

  • A declaração de Djokovic ocorreu no último dia 28 de julho, em entrevista à agência Reuters, ao comentar sobre a pressão que sentia para alcançar o chamado Golden Slam, como é conhecida a conquista em um mesmo ano dos quatro Grand Slams e da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
  • A reportagem publicada pela Reuters deixa claro que a declaração de Djokovic era em referência a si mesmo, e não a Biles: “‘A pressão é um privilégio’, disse Djokovic ao ser questionado sobre a atenção que lhe é dada após chegar às quartas de final simples e também ganhar uma partida mista de duplas na quarta-feira”.
  • As publicações compartilhadas nas redes sociais também editam um trecho da declaração de Djokovic que deixa claro que ele se referia ao próprio esporte: “Se o seu objetivo é estar no topo do jogo, é melhor começar a aprender como lidar com a pressão. E como lidar com esses momentos na quadra, mas também fora da quadra, todas as expectativas”.

Brasil

É falso que agência de saúde pública dos EUA alegou que variante do coronavírus é “a própria vacina”

Alegação falsa: Publicações compartilhadas no Facebook e Instagram no Brasil alegam que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) teria afirmado que as variantes do coronavírus são “a própria vacina”.

Verdade:

  • As vacinas atualmente disponíveis contra o coronavírus utilizam três diferentes tecnologias: vírus inativado, RNA mensageiro e vetor viral. Em nenhum dos casos, no entanto, é usado um vírus inteiro, capaz de se multiplicar e se disseminar entre as pessoas.
  • As quatro variantes do coronavírus atualmente em circulação surgiram todas antes do início das campanhas de imunização em massa no mundo. A variante delta, por exemplo, foi identificada na Índia em outubro de 2020.
  • Uma pessoa que tomou a vacina contra a Covid-19 só irá transmitir o coronavírus caso seja infectada por ele ou por uma de suas variantes, não havendo a possibilidade, portanto, de espalhar a doença apenas por ter recebido doses do imunizante.

Espanha/América Latina

Peru não mudou nome para República Bolivariana do Peru

Alegação falsa: Imagem compartilhada em publicações no Facebook e no Twitter mostra uma suposta placa na fronteira peruana com a seguinte mensagem: “Bem-vindos à República Bolivariana do Peru”.

“Já mudaram o nome do Peru”, afirma a legenda de algumas das postagens.

Verdade:

  • Uma busca inversa na internet mostra que a imagem compartilhada nas redes sociais foi manipulada digitalmente.
  • A imagem original, tirada em Desaguadero, na fronteira com a Bolívia, e publicada por uma agência de turismo local, mostra a seguinte mensagem na placa: “Bem-vindos ao Peru / Welcome to Peru”.
  • A Constituição do Peru, publicada em 1993 e disponível no site oficial do governo peruano, estabelece no Capítulo I, artigo 43, o nome oficial do país como "República do Peru".
  • A falsa alegação surge em meio à recente posse do professor e sindicalista Pedro Castillo, de 51 anos, como novo presidente do Peru, após derrotar a candidata de extrema-direita Keiko Fujimori nas eleições do último dia 6 de junho.

EUA/Austrália

Vídeo não mostra vacinação forçada na Austrália

Alegação falsa: Publicações nas redes sociais compartilham um vídeo junto da alegação de que as imagens mostram uma suposta força-tarefa criada pela polícia de Sydney para perseguir e forçar as pessoas a tomarem a vacina contra a Covid-19.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo foi originalmente publicado no Twitter na manhã do último dia 24 de julho. Na gravação, uma voz feminina afirma que a ação policial está ocorrendo no Victoria Park e que "o protesto ainda não começou".
  • Em 24 de julho, cerca de 3.500 manifestantes entraram em confronto com a polícia no centro de Sydney durante um protesto contra as medidas de isolamento social, o que resultou em 57 pessoas presas.
  • Cenas de policiais prendendo manifestantes no Victoria Park, similares ao vídeo compartilhado nas redes sociais, podem ser vistas em diversas reportagens sobre a manifestação publicadas naquele dia pela imprensa local.
  • A vacinação contra a Covid-19 continua sendo voluntária para a maioria da população na Austrália.

Nigéria

É falso que tomar analgésico após ser vacinado contra a Covid-19 leva à morte

Alegação falsa: Publicações compartilhadas no Facebook e no WhatsApp na Nigéria afirmam que tomar o anti-inflamatório diclofenaco ou "qualquer anestesia" dentro de dois anos após ter sido vacinado contra a Covid-19 leva à morte.

Verdade:

  • O boato surgiu na internet após notícias de que uma estudante de pós-graduação do Madurai Medical College, na Índia, identificada como Hari Harini, morreu em março no hospital seis dias após receber uma injeção de diclofenaco. Harini havia sido vacinada contra a Covid no início do último mês de fevereiro.
  • Em declarações à imprensa local, a administração do Hospital da Missão Meenakshi, onde Harini morreu, informou que a autópsia da jovem apontou que ela sofreu encefalopatia isquêmica hipóxica, resultado de uma reação alérgica severa que poderia estar ligada à injeção de diclofenaco, mas sem qualquer relação com a vacina contra a Covid-19.
  • O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) não recomenda o uso de analgésicos antes da vacinação contra a Covid-19, mas acrescenta que os analgésicos de venda livre estão liberados para ajudar a aliviar os efeitos colaterais pós-vacinação. Esta mesma posição também é compartilhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).