Por aqui, no Brasil, as férias de verão estão um tanto distantes e as praias não ficam tão lotadas de gente. Provavelmente, a chance de encontrar uma garrafa com algum objeto ou item correlato é menor.

Mesmo que seja parte de cenas de filmes românticos, encontrar uma ainda inspira e devaneia corações de muitos. Achar uma carta de lembrança, tristeza ou de pensar na pessoa amada povoa o imaginário da humanidade.

Nesta semana, os noticiários foram tomados por essa descoberta deixada pelo oceano. Sim, mais uma garrafa foi encontrada numa praia do Havaí – pertencente aos Estados Unidos.

A felizarda foi uma menina de 9 anos e, para a decepção dos mais inflamados pela emoção, a garrafa continha alguns papeis (do tamanho de um cartão postal) com o título “Investigação das correntes oceânicas”. Portanto, um propósito bem mais científico do que afetivo.

Impressionante

Certamente, o mais assombroso é que o recipiente foi lançado ao mar por um grupo de estudantes do Japão há 37 anos. O experimento envolveu 750 garrafas lançadas entre os anos de 1984 e 1985 divididas assim: o primeiro lote abrangia 450 objetos e o segundo lote, 300 unidades. O principal objetivo era ter uma pesquisa a respeito do fluxo e da direção das correntes marítimas.

Os alunos do ensino médio da escola situada na cidade de Chiba, um pouco mais a leste de Tóquio, pediam em uma carta para que quem encontrasse uma de suas garrafas, entrar em contato com o grupo de estudo.

As cartas foram escritas nos idiomas japonês, inglês e português. Desde o início dessa aventura pelos oceanos, acharam-se 50 garrafas ao todo, em lugares como Filipinas, Canadá, Alasca e Ilhas Marshall (arquipélago do Pacífico Central).

Esse exemplar do Havaí é o de número 51 e percorreu, ao longo de tanto tempo, quase 6 mil quilômetros entre os pontos de origem e de destino.

Abbie Graham estava passeando com a família numa praia da cidade de Hilo, quando se deparou com o objeto inusitado.

Tempo esgotado?

Os estudantes de ciências naturais do colégio Choshi monitoraram a evolução de seus experimentos até 2007. O motivo é que já não tinham tanta esperança de encontrarem provas de seu intento pelo mundo, pois a última garrafa – a quinquagésima – foi encontrada em 2002.

Até agora, o recipiente dos estudantes do Japão que viajou mais longe foi achado no Canadá, cerca de 8.055 km de Tóquio.

Entrevistada, Mayumi Kondo disse que a descoberta “reviveu memórias nostálgicas” de seus anos de colégio. “Trinta e sete anos é muito tempo para o ser humano, mas, por outro lado, mostra realmente o quão grande e misteriosa a Terra e a Natureza são”.

O vice-diretor do colégio Choshi, Jun Hayashi, admite que não acreditava que outros artefatos fossem achados, após um intervalo de 19 anos. Ele se diz emocionado e torce para que a garrafa de número 52 seja avistada em algum lugar do mundo.

A aventura parece que não para só por aí: dois representantes estudantis da escola do Japão planejam enviar uma carta e uma bandeira em miniatura à garotinha Abbie Graham, em sinal de agradecimento pelo gesto dela de encontrar e comunicar seu achado aos que habitam o outro lado do Oceano Pacífico.