O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Vídeo de acidente aéreo não mostra momentos finais a bordo de voo da China Eastern Airlines

Afirmação falsa: Um vídeo de um acidente aéreo foi compartilhado milhares de vezes nas redes sociais ao redor do mundo, junto da alegação de que as imagens foram gravadas por um passageiro durante os instantes finais da queda fatal do voo MU5735 da China Eastern Airlines, ocorrida no último dia 21 de março.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o trecho compartilhado nas redes sociais faz parte de um vídeo publicado em 2019 por um canal do YouTube chamado Bull Bosphorus.
  • Na descrição do vídeo, o autor explica que as imagens foram feitas utilizando simulador de voo “X-Plane 11” para reproduzir o acidente ocorrido naquele ano com uma aeronave da companhia Ethiopian Airlines.
  • Na ocasião, o Boeing 737 Max 8 que voava da capital da Etiópia, Adis Abeba, para Nairóbi, no Quênia, caiu com 157 pessoas a bordo, sem deixar sobreviventes.
  • No último dia 21 de março, um Boeing 737-800 da China Eastern Airlines, que transportava 132 pessoas de Kunming para Guangzhou, caiu nas montanhas da região de Guangxi, no sul da China, sem deixar sobreviventes.

Mundo

Cosmonautas russos não usaram uniformes azuis e amarelos em apoio à Ucrânia

Afirmação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma foto de três cosmonautas russos vestindo uniformes nas cores amarela e azul, junto da alegação de que esta teria sido uma manifestação deles em apoio à Ucrânia.

Verdade:

  • No último dia 18, os cosmonautas Oleg Artemyev, Denis Matveyev e Sergey Korsakov, da agência espacial russa Roscosmos, foram os primeiros a desembarcar na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) desde o início da Guerra na Ucrânia.
  • Questionado durante coletiva de imprensa após a chegada à ISS sobre o motivo das cores dos uniformes, a resposta de Artemyev, comandante da missão, foi simples: “Chegou a nossa vez de escolher uma cor, mas, na realidade, tínhamos acumulado muito material amarelo, então precisávamos usá-lo. Foi por isso que tivemos que usar amarelo”.
  • Em seus perfis no Telegram e no Twitter, a Roscosmos também descartou a ideia de que os cosmonautas estivessem manifestando apoio à Ucrânia. Segundo a agência espacial russa, o “design do uniforme foi acordado muito antes dos eventos atuais” e as cores foram escolhidas como um aceno à Universidade Técnica Estatal Bauman de Moscou, onde os três cosmonautas se formaram.

EUA/Canadá

CEO da Disney não foi preso por tráfico humano

Afirmação falsa: Usuários das redes sociais nos EUA e no Canadá publicaram a alegação de que o CEO da Disney, Bob Chapek, teria sido preso neste mês de março por tráfico humano.

As postagens compartilham como fonte da informação um artigo publicado pelo site Vancouver Times.

Verdade:

  • Em sua página “Sobre Nós”, o Vancouver Times se descreve como “a fonte mais confiável de sátira na Costa Oeste”. “Nós escrevemos histórias satíricas sobre questões que afetam os conservadores”, afirma o site.
  • Uma busca na internet mostra que, fora o artigo publicado pelo Vancouver Times, não há nenhum registro na grande imprensa de que o CEO da Disney tenha sido detido ou que tenha qualquer envolvimento com tráfico humano.

Europa

Rússia não emitiu nenhum mandado de prisão contra George Soros

Afirmação falsa: Usuários das redes sociais na Europa compartilharam publicações que afirmam que o governo da Rússia teria emitido um mandado de prisão contra o bilionário George Soros.

Segundo as publicações, Soros seria “o principal promotor do conflito na Ucrânia”.

Verdade:

  • Não há nenhum informe oficial do governo russo sobre a emissão de um suposto mandado de prisão contra George Soros. Tampouco existem notícias sobre o assunto nos principais veículos de comunicação da Rússia ou de países do Ocidente.
  • A informação falsa tem circulado nas redes sociais já há alguns anos e chegou, inclusive, a ser negada oficialmente pelo próprio governo russo em 2018.

América Latina

Filho de Biden não é o diretor da maior empresa privada de gás da Ucrânia

Afirmação falsa: Publicações compartilhadas por usuários das redes sociais em países da América Latina afirmam que Hunter Biden, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atua como diretor da maior empresa privada de gás da Ucrânia.

Verdade:

  • Em abril de 2014, Hunter Biden de fato foi nomeado diretor não-executivo da Burisma Holdings, uma empresa privada de petróleo e gás que opera na Ucrânia desde 2002.
  • No entanto, conforme informações publicadas pela agência Reuters em 18 de outubro de 2019, Hunter Biden deixou o cargo na Burisma em abril de 2019, ainda durante a pré-campanha do pai à presidência dos EUA.
  • Segundo informações oficiais, durante o mandato de cinco anos no conselho da empresa, Hunter Biden prestou consultoria sobre questões jurídicas, finanças corporativas e estratégia.

África do Sul

Rússia não criou sua própria versão do McDonald's após sanções

Afirmação falsa: Usuários das redes sociais na África do Sul compartilharam publicações que afirmam que a Rússia teria criado sua própria versão do McDonald's após a rede de fast-food americana anunciar o encerramento de suas operações no país por tempo indeterminado, em resposta à invasão russa à Ucrânia.

As publicações são acompanhadas de imagens da fachada de uma restaurante e de produtos com a estética do McDonald’s, mas que trazem a marca DonMak.

Verdade:

  • Após o início da invasão russa à Ucrânia, no último dia 24 de fevereiro, que desencadeou uma avalanche de sanções do Ocidente, o McDonald's cedeu à pressão pública e em 8 de março suspendeu suas operações na Rússia.
  • Uma busca reversa na internet, no entanto, mostra que as imagens compartilhadas nas publicações nas redes sociais circulam na internet desde 2016.
  • As imagens foram utilizadas em reportagens da época que contavam que após o McDonald’s encerrar suas operações na cidade ucraniana de Donetsk, controlada desde 2014 por separatistas pró-Rússia, parte dos restaurantes que pertenciam à rede americana de fast-food voltaram a funcionar, mantendo a estética anterior, mas adotando o nome DonMak.