O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Imagem viral do papa vestindo casaco fashion foi gerada por inteligência artificial

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma suposta foto do papa Francisco vestindo um casaco puffer branco.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a imagem compartilhada nas redes sociais não foi publicada por nenhuma fonte oficial do Vaticano, agência de notícias ou de imagens como sendo uma imagem real do papa Francisco.
  • A imagem apareceu originalmente na internet em uma publicação feita por um usuário do Facebook chamado Guerrero Art no grupo Midjourney Official, acompanhada de outras imagens semelhantes. Midjourney é um programa de inteligência artificial que permite que as pessoas gerem imagens usando prompts.
  • Na manhã da última terça-feira (28), o fundador da Midjourney, David Holz, afirmou em mensagem publicada no site de bate-papo Discord a interrupção temporária dos testes gratuitos da inteligência artificial geradora de imagens. Segundo ele, a medida foi motivada pela alta demanda pela tecnologia e pelo comportamento abusivo de alguns usuários.

EUA

Foto de quarto com bandeiras trans, do orgulho LGBTQIA+ e da Otan não tem relação com autora de massacre em Nashville

Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos Estados Unidos compartilharam uma imagem de um quarto com bagunça espalhada no chão e as parades decoradas com, entre outras, as bandeiras trans, do movimento LGBTQIA+ e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), junto da alegação de aquele seria o quarto da autora do massacre na escola Covenant, em Nashville, no Tennessee, que deixou três crianças e três adultos mortos no último dia 27.

Verdade:

  • A autora do ataque foi identificada pela polícia como Audrey Hale, de 28 anos, uma ex-estudante da mesma escola. Ainda segundo a polícia, Audrey, que foi morta durante a ação, se identificava como transgênero, o que gerou uma onda de ataques anti-LGBTQIA+ nas redes sociais.
  • Uma busca reversa na internet mostra que a imagem compartilhada nas redes sociais foi publicada no Twitter em 16 de dezembro de 2021, por uma usuária que se identifica como moradora do estado de Michigan, a mais de 1.000 km de distância do Tennesse.
  • Em sua publicação, que traz uma segunda imagem do quarto, dessa vez organizado, a usuária escreveu: “Antes e depois. Ainda preciso limpar meu armário para poder organizar a pilha de roupas dobradas, mas quase tudo pronto. Eu tenho que limpar minha mesa em seguida”.
  • Contatada pela agência AFP, a usuária deu a seguinte declaração no último dia 29 de março de 2023: “Eu tirei a foto e o quarto é meu. Ela se espalhou porque as pessoas estavam tirando sarro da minha bagunça, apesar de eu ter limpado, e se tornou um pequeno meme, mas só ressurgiu após conservadores alegarem que era o quarto da atiradora.”

Europa

Christine Lagarde não disse que aumento dos juros pelo Banco Central Europeu “matará muita gente, mas reativará a economia”

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Europa compartilharam a alegação de que a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, teria afirmado que o aumento da taxa de juros em meio ponto percentual, para 3,5%, anunciado no último dia 16 de março, “matará muita gente, mas reativará a economia”.

As postagens são acompanhadas por um vídeo no qual é possível ouvir Lagarde dizer em inglês: “Mudar esta política da Covid vai matar muita gente, mas também vai reativar a economia.”

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo compartilhado nas publicações foi tirado de uma participação de Lagarde no Fórum Econômico Mundial (FEM) deste ano, ocorrido na cidade suíça de Davos entre os dias 16 e 20 de janeiro.
  • Na gravação original, cuja íntegra está disponível no site do Fórum Econômico Mundial, é possível constatar que Lagarde, ao falar da retomada do crescimento econômico pela China, afirma que o abandono da política de “covid zero” pelo país “matará muita gente, mas reativará a economia”.

China

Foto não mostra Macron discutindo após dizer que “a África deveria ser entregue à França”

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na China compartilharam uma foto na qual o presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, aparece apontando para seu colega francês, Emmanuel Macron, durante uma coletiva de imprensa.

Segundo as publicações, a imagem mostraria os dois líderes discutindo após Macron supostamente chamar Tshisekedi de “um fracasso” e dizer que “a África deveria ser entregue à França”. Ainda segundo os posts, o comentário de Macron teria ocorrido após Tshisekedi acusar a França de “envolvimento no genocídio ocorrido no país nos anos 1990”.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que imagem compartilhada nas redes sociais foi tirada durante uma coletiva de imprensa que Macron e Tshisekedi deram no último dia 4 de março, em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. A íntegra do vídeo está disponível no perfil da presidência francesa no YouTube.
  • A cena compartilhada nas redes sociais corresponde a um momento da coletiva no qual um jornalista lembrou a controversa vitória presidencial de Tshisekedi em 2019 e levantou preocupações quanto à lisura das eleições do próximo mês de dezembro no país.
  • O jornalista mencionou um comentário feito em 2019 pelo então ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, de que a vitória de Tshisekedi havia sido um “acordo ao estilo africano”.
  • Contrariado, Tshisekedi questionou por que a França foi rápida em criticar um “acordo ao estilo africano”, mas não falou de um “um acordo ao estilo americano” ou “um acordo ao estilo francês” em meio a alegações de irregularidades eleitorais nos Estados Unidos e na França.
  • Numa aparente tentativa de diminuir a tensão, Macron responde que a pergunta do jornalista “não é a posição da França”, ao que Tshisekedi interrompe: “Eu estava me referindo ao que Le Drian disse. Ele é um oficial francês. O ‘acordo ao estilo africano’ são palavras de Le Drian, não do jornalista.”

Brasil

OMS não passou a classificar como jovens pessoas entre 18 e 65 anos

Alegação falsa: Usuários das redes sociais no Brasil compartilharam a alegação de que que a Organização Mundial da Saúde (OMS), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), teria mudado a sua forma de classificar a população de acordo com a faixa etária.

Segundo o texto que acompanha as publicações, o suposto novo sistema classificaria pessoas até 17 anos como “menores”, de 18 a 65 anos como “jovens”, de 66 a 79 anos como “meia-idade”, de 80 a 99 anos como “idosos” e acima de 100 como “idosos de longa vida”.

Verdade:

  • Uma busca na página da OMS e nas contas oficiais da agência nas redes sociais não encontra nenhuma publicação informando sobre a suposta mudança na classificação da população de acordo com a faixa etária.
  • Em nota à agência Aos Fatos, o escritório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) –braço da OMS nas Américas– no Brasil afirmou: “Existem diferentes formas de se conceituar e definir a velhice, que variam de acordo com cada país que identifica a população e as políticas relacionadas de acordo com as necessidades e realidades locais –60 a 65 anos são referenciais cronológicos utilizados”.
  • Em seu site na internet, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU define “jovens” como pessoas entre 15 e 24 anos. “Dentro da categoria de ‘jovens’, também é importante distinguir entre adolescentes (13-19) e jovens adultos (20-24), pois os problemas sociológicos, psicológicos e de saúde que enfrentam podem ser diferentes”, afirma a página.