O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Polícia não divulgou nome de nenhum suspeito de tiroteio em comemoração do Super Bowl em Kansas City

Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos Estados Unidos compartilharam a alegação de que um imigrante de 44 anos chamado Sahil Omar teria sido identificado pela polícia como um dos suspeitos do tiroteio ocorrido no último dia 14 em Kansas City, no estado de Missouri, durante as comemorações da conquista do Super Bowl deste ano pelos Chiefs.

Verdade:

  • Em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (15), Stacey Graves, chefe de polícia de Kansas City, informou que as investigações preliminares apontam que o incidente não tem relação com terrorismo ou extremismo, e que tudo indica haver sido “uma disputa entre várias pessoas que terminou em tiroteio”.
  • Segundo Graves, duas pessoas foram detidas até o momento, ambas menores de idade, suspeitas de envolvimento no tiroteio. A identidade dos detidos, no entanto, não foi revelada.
  • Nos últimos meses, usuários das redes sociais associaram o nome Sahil Omar a outros episódios de violência nos EUA, como a explosão de um hotel em janeiro em Fort Worth, no Texas, um tiroteio em dezembro na Universidade de Nevada, em Las Vegas, e uma falsa ameaça de bomba no mesmo mês no aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida.

Vídeo de militares diante do Capitólio, em Washington, é antigo

Alegação falsa: Um vídeo de dezenas de soldados patrulhando próximo ao Capitólio, sede do Congresso americano, em Washington, foi compartilhado nas redes sociais, acompanhado da alegação de que a movimentação seria um indício de que o governo do presidente Joe Biden estaria se preparando para uma suposta “guerra civil”.

As postagens surgem em meio a clima tenso nas últimas semanas entre o governo federal americano e autoridades do estado do Texas com relação às políticas de imigração na fronteira com o México.

Verdade:

  • Uma pesquisa reversa na internet mostra que o mesmo vídeo compartilhado nas redes foi publicado na plataforma X em 19 de janeiro de 2021, por um perfil chamado @journalistWH.
  • Em 14 de janeiro de 2021, o perfil da emissora americana MSNBC no YouTube publicou um vídeo com as mesmas imagens dos militares posicionados diante do Capitólio.
  • “Há mais tropas dos EUA em Washington do que no Afeganistão e no Iraque, combinadas com novas ameaças de violência extremista antes da tomada de posse”, diz a legenda da postagem.
  • Após a invasão do capitólio por apoiadores do então presidente Donald Trump em 6 de janeiro de 2021, mais de 6.000 soldados da Guarda Nacional de seis estados e do Distrito de Columbia foram destacados para proteger o Capitólio e a Casa Branca nos dias que antecederam a posse de Biden, ocorrida em 20 de janeiro daquele ano.

Ucrânia não colocou Tucker Carlson em “lista de alvos” após entrevista com Putin

Alegação falsa: Após o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson anunciar no último dia 6 que estava em Moscou para entrevistar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, usuários das redes sociais passaram a compartilhar a alegação de que Carlson teria sido incluído em uma suposta “lista de alvos” apoiada pelo governo da Ucrânia.

Algumas das publicações são acompanhadas de uma captura de tela do suposto perfil do apresentador na lista.

Verdade:

  • Uma análise da captura de tela compartilhada nas postagens nas redes sociais indica que o perfil de Carlson foi publicado originalmente em um site ucraniano chamado Myrotvorets (Pacificador, em tradução livre).
  • Em sua seção “Sobre nós”, o Myrotvorets se define como “uma organização não governamental independente criada por um grupo de cientistas, jornalistas e especialistas na pesquisa de sinais de crimes contra a segurança nacional da Ucrânia, a paz, a segurança humana e a ordem jurídica internacional”.
  • O perfil de Carlson, no qual ele é descrito como “ajudante dos invasores e terroristas russos” e “propagandista anti-ucraniano”, foi adicionado ao site em julho de 2023, portanto meses antes da entrevista com Putin.
  • O Myrotvorets define como sua missão “registrar e armazenar de forma segura informações em relação aos objetos de investigação, em cujas ações há indícios de crimes contra a segurança nacional da Ucrânia, a vida e a saúde humanas, a paz, a segurança humana e a ordem jurídica internacional”. Em nenhum momento o site fala em “lista de alvos”.
  • Um relatório de 2022 sobre práticas de direitos humanos na Ucrânia, o Departamento de Estado americano afirma que o Myrotvorets “supostamente mantém laços estreitos com os serviços de segurança [ucranianos]”, sem especificar quais seriam esses laços.

Vídeo não mostra mesquita sendo destruída pelo governo chinês

Alegação falsa: Usuários das redes sociais compartilharam um vídeo de um minarete de uma mesquita sendo demolido, acompanhado da alegação de que as cenas teriam sido gravadas na China e mostrariam uma ação realizada por ordem do governo de Pequim.

Verdade:

  • A alegação surge em meio a relatos de que milhares de mesquitas têm sido destruídas ou modificadas nos últimos anos em toda a China, em especial na província de Xinjiang, em um suposto esforço do governo de Pequim para suprimir a cultura islâmica no país.
  • Uma busca reversa na internet, no entanto, mostra que um vídeo com a demolição do mesmo minarete, gravado de um ângulo diferente, foi publicado por um usuário do TikTok em 23 de fevereiro de 2023. A descrição da postagem indica que as imagens mostram a mesquita de Gökoğlu, na Turquia.
  • Artigos publicados pela imprensa turca em 23 de fevereiro de 2023 indicam que o minarete da mesquita de Gökoğlu, em Seyhan, na província de Adana, precisou ser demolido após uma série de terremotos que atingiram o sudeste da Turquia no início daquele mês danificarem sua estrutura.

Vídeo de suposto muçulmano urinando em carnes em supermercado é encenado

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam um vídeo no qual um homem aparece de costas, supostamente urinando em uma seção de carnes de um supermercado.

Segundo as postagens, as imagens teriam sido gravadas na Holanda e mostram um “imigrante muçulmano” protestando contra o consumo de carne de porco.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo compartilhado nas redes foi publicado originalmente no dia 14 de dezembro de 2023 por um usuário do TikTok e Instagram chamado Buurtwachtt.
  • O mesmo usuário possui uma conta no YouTube, na qual foi publicado em 21 de dezembro de 2023 um vídeo explicando como a gravação viral foi encenada, utilizando um efeito sonoro para fingir que a pessoa filmada estava urinando.
  • Em declarações à AFP, o holandês Danny Derix, de 22 anos, responsável pelos perfis Buurtwachtt, afirmou que a gravação viral foi realizada por ele e um amigo no dia 13 de dezembro de 2023, em uma unidade da rede de supermercados Albert Heijn em Zaandam, próximo a Amsterdã.
  • No vídeo publicado no YouTube, Derix afirma que a gravação viral foi feita com o intuito de mostrar “que tudo pode ser falso na internet”. “Queremos deixar claro para as pessoas como é fácil espalhar uma notícia falsa ou um vídeo falso”, disse o jovem na gravação.