Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, neste domingo (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai se lançar candidato a presidente da República no próximo ano, pois, apesar de existirem milhares de "Lulas", somente ele sabe cuidar do povo pobre.
Indagado sobre a condenação em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente voltou a afirmar que não existe nada que pese contra ele e que a condenação e a investigação sobre sua pessoa sobre o suposto crime de lavagem de dinheiro e também sobre o suposto apartamento no Guarujá (SP) são invenções da imprensa.
Lula acusa ainda a imprensa brasileira de ter apoiado estas manifestações populares de uma forma jamais vista no país. Iniciadas em 2013, elas foram o prenúncio do fim da administração petista. Após a eleição presidencial de 2014, a população começou a voltar-se contra o governo federal, tendo na figura da ex-presidente Dilma Rousseff seu alvo principal.
Contudo, Lula afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso viveu, em 2009, a mesma situação de desaprovação popular, porém, segundo Lula, o que favoreceu FHC à época é que ele tinha em Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, seu aliado, enquanto que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha Eduardo Cunha.
De toda forma, Lula fez críticas contundentes sobre a forma como Dilma conduziu o país, sobretudo com relação às desonerações de impostos promovida pela ex-presidente, que, segundo Lula, prejudicaram demais os cofres públicos, fazendo com que a arrecadação caísse. "Quando ela tentou corrigir este processo, era tarde, pois o Senado não permitiu", afirmou Lula.
O segundo grande erro de Dilma, na opinião de Lula, foi ter promovido o ajuste fiscal, contrariando completamente seu eleitor, que havia reeleito a ex-presidente com a promessa de que os gastos do governo seriam mantidos, principalmente nas áreas onde o PT era reconhecidamente mais forte, ou seja, nos projetos sociais.
Lula afirmou também que, embora tivesse pensado em ter sido ele o candidato em 2014, não o fez, pois entendia que a Dilma tinha todo o direito de concorrer à reeleição, mas que não se arrepende do fato. "Não sou uma pessoa que tenha arrependimentos, e quero ser presidente novamente para provar ao mundo que o Brasil pode crescer", afirmou.
A forma para isto acontecer, segundo Lula, é voltar a investir em infraestrutura, e que o Brasil não depende da União Europeia e tampouco da China para dar início a recuperação econômica.
Para o ex-presidente, basta governar olhando para os mais pobres.