O jornalista Glenn Greenwald foi ao Congresso falar pela segunda vez sobre as mensagens trocadas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Durante seu depoimento, Gleen disse que as pessoas não acreditam na versão de Moro sobre não se lembrar do que se tratavam as conversas com Dallagnol.
Em seu depoimento no Senado, o jornalista afirmou que as mensagens são autênticas e disse ter quase certeza de que Moro e o Ministério Público Federal armaram um conluio na condução das ações penais da Operação Lava Jato.
Segundo Gleen, o ministro está simulando estar com falhas na memória, pois só consegue se lembrar de partes da conversa que não lhe compromete, como, por exemplo, ter chamado os membros do Movimento Brasil Livre (MBL) de tontos. Gleen afirmou ainda que, Moro diz que não se lembra dos trechos da conversa onde ele faz um suposto pedido de inversão da ordem das etapas que seriam realizadas pela Lava Jato, pois alega que as mensagens podem ter sido editadas.
Todas as acusações vêm sendo negadas pelo ministro e a Lava Jato, que garantem que tudo ocorreu dentro da lei. Tanto Moro quanto a Lava Jato acusam o The Intercept pela divulgação de material adquirido de forma ilegal que supostamente pode ter sido alterado ou forjado.
Glenn, no entanto, defende a veracidade das conversas, mas protege a fonte originária das mensagens.
Segundo o jornalista, Moro não assumiu que as mensagens foram enviadas por ele e está tentando fazer com que as conversas pareçam ser falsas. "Moro foi perguntado várias vezes pelo Senado, pela Câmara e por vários jornais se ele está nos investigando ou se ele tem provas para fazer coisas contra nós", disse Glenn.
"Ele nunca negou. Naquele dia, desde que saiu a notícia até hoje, [ele nunca negou] a investigação", afirmou Glenn.
Glenn se diz vítima de 'campanha de ódio'
Glenn acusou o Partido Social Liberal (PSL) de estar patrocinando uma campanha de ódio contra ele na internet. O fundador do The Intercept alega que ele e sua família já receberam várias ameaças.
Glenn disse que as pessoas estão divulgando imagens de documentos editados para tentar ofuscar suas acusações e derrubá-lo. Ele sugeriu que as pessoas que divulgam o material, comparecessem ao Senado para discutir com ele, pessoalmente, sobre o assunto. Um dos materiais que supostamente é uma fake news diz que Glenn comprou o mandato de marido, o deputado David Miranda (PSOL-RJ).
Miranda era suplente do ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que decidiu entregar o cargo para se mudar para o exterior. Na época, Wyllys alegou que estava deixando o país por que estava sendo ameaçado de morte. Atualmente ele vive em Berlim, na Alemanha.