Durante a audiência desta terça-feira (2) sobre as recentes conversas vazadas de Sergio Moro com alguns procuradores da Lava Jato, o juiz teve que deixar a Câmara de Deputados acompanhado de uma escolta, sob os gritos de "ladrão" e "fujão". As supostas conversas do juiz foram divulgadas através do site The Intercept no mês passado.
Desde o início da sessão o clima na Câmera já estava tenso, o que piorou por volta das 21h30, depois que o deputado Glauber Braga (PSOL) não hesitou em se referir a Moro como "juiz ladrão e corrompido". Após o pronunciamento de Glauber, o também deputado Eder Mauro (PSD-PA) acabou partindo para cima.
Depois disso, o bate-boca se generalizou e os dois deputados quase protagonizam uma briga dentro da Câmera dos Deputados.
Com a confusão, Moro deixou o local por volta das 21h40, sob gritos de "ladrão" e "fujão". Após um tempo, ainda houve uma tentativa sem sucesso de retomar a audiência, que acabou sendo encerrada oficialmente às 21h50.
'Juiz ladrão', diz Glauber Braga
Mesmo sob um "climão", a audiência estava seguindo conforme o planejado, mas as coisas saíram do controle quando chegou a vez do deputado Glauber Braga se pronunciar. Sem medir palavras, Braga disse que o juiz entrará para os livros de história como um juiz corrompido e ladrão. O deputado também disse que a população brasileira não vai aceitar um juiz que ganhou dinheiro para fazer a democracia do Brasil ser atingida.
"Um juiz que se corrompeu", disse o deputado que completou: "é o que o senhor é".
Moro se pronuncia sobre o fim da sessão
Após a tentativa frustrada de ser realizada uma sessão tranquila, Moro se pronunciou dizendo que o deputado Braga é "absolutamente despreparado" e que não faz questão de guardar o decoro parlamentar. "Fez uma agressão, umas ofensas que são inaceitáveis", disse o juiz.
Moro afirmou que também lamentava o fato da sessão ter sido encerrada e culpou o deputado por isso ter acontecido.
Ao citar o nome de Braga, Moro deu a entender que não conhecia o deputado. "Clauber, acho, Glauber alguma coisa, sabe Deus lá de onde veio isso aí", disse Moro.
Moro nega conversas
Repetindo uma atitude que já havia sido realizada no Senado, o ex-juiz novamente aceitou o convite dos deputados para falar acerca das conversas vazadas.
Durante mais de sete horas de sessão, Moro insistiu em dizer que não reconhece as informações divulgadas pelo site The Intercept Brasil e afirmou acreditar que as conversas foram vazadas por criminosos, com o intuito de enfraquecer a Lava Jato. Após a sessão, Paulo Pimenta (RS), líder do PT, disse que tentará uma convocação do ministro.