De acordo com o colunista Jamil Chade do UOL, o Governo brasileiro está dando mostras que irá endurecer o discurso na ONU sobre minorias, privilegiando o que chama de direitos da família. Esta é uma tentativa de mudar os rumos das discussões sobre gênero e educação sexual nas reuniões da Organização.

Para o colunista, o Brasil com um discurso duro em relação aos direitos das minorias, se posiciona de maneira conservadora, abandonando o discurso conciliador e moderado que vem apresentando, desde os anos 90. O Brasil, que sempre foi uma voz que se erguia em benefício dos direitos de classes marginalizadas, agora, prefere adotar uma postura mais austera, aproximando-se da linha de países sauditas.

Mudança de discurso do Brasil

Ainda segundo o colunista Jamil Chade, muitos integrantes da ONU veem essa mudança como um risco aos grupos protegidos por medidas e leis criadas com base na igualdade e proteção dos direitos. Acreditam ser um lobby de nações conservadoras, preparando um ataque direto a ideias progressistas. As mulheres e LGBTs são os grupos mais afetados com a mudança da fala do Brasil.

A ministra Damares Alves aproveitou sua participação, em Budapeste, num evento sobre "demografia", para lançar as ideias conservadoras. Esse evento foi organizado por Viktor Orbán. Orbán é o líder conservador da Hungria. Sua intenção é formar um grupo de países que ajam como "amigos da família", defendendo o que eles acreditam serem as bases da família tradicional.

"Uma nação pró-família e pró-vida"

Seundo o colunista do UOL, para Damares, a família precisa ser protegida das investidas progressistas. Ela acredita que querem desestabilizar as bases familiares, expondo seus membros a ideias que vão contra valores familiares.

Ela disse, ainda, que o Brasil está nas mãos de "um homem incrível que quer trazer o Brasil ao mundo como um país pró-família e pró-vida".

Fazendo clara alusão a Jair Bolsonaro.

Segundo o colunista, a ministra de Direitos Humanos disse que o Brasil dará um "sonoro não" às questões sobre gênero, que ela e o governo acreditam serem a chave de grandes problemas sociais. Segundo sua fala, Bolsonaro, ao ser eleito com uma base conservadora, foi chancelado pelos eleitores para agir no combate a ideologia de gênero.

Países como Hungria, República Tcheca e Polônia são potenciais aliados, podendo seguir a onda conservadora que tenta se erguer na Europa.

Fim do protagonismo progressista brasileiro

Para o colunista Jamil Chade, o governo vem mostrando essa nova linha de pensamento, bem mais dura em relação a gênero e minorias, já há algum tempo. O Itamaraty já não menciona essas questões em seus documentos oficiais, tendo, também, colocado sob segredo alguns documentos que falam sobre as novas políticas quanto a assuntos sensíveis. Com alguns posicionamentos obscuros, a diplomacia brasileira se aproxima, e agrada, países ultraconservadores do Oriente Médio, barrando questões importantes como educação sexual.