O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em coletiva de imprensa no domingo (29) a manutenção das diretrizes de distanciamento social no país até o dia 30 de abril. Anteriormente, Trump cogitava a retomada das atividades e da economia para a Páscoa, em 12 de abril, mas decidiu estender o período de quarentena diante das previsões de que o pico de mortes pela covid-19 deve ocorrer nas próximas duas semanas.

Na quinta-feira (26), o presidente estadunidense chegou a pedir que os americanos voltassem ao trabalho. Contudo, uma carta enviada aos cidadãos no dia 16 de março solicitava que ficassem em casa e alertava para os riscos do coronavírus mesmo entre jovens e pessoas saudáveis.

De acordo com o texto, elaborado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Casa Branca, as medidas de prevenções e recomendações deveriam valer até o dia 31 de março.

Durante a coletiva de imprensa realizada no domingo, Trump anunciou ainda um novo teste capaz de fornecer os resultados em apenas 5 minutos – uma grande vantagem em relação aos testes atualmente disponíveis, que levam cerca de 24 horas.

Autorizado na sexta-feira (27) pela Food and Drug Administration (FDA, departamento de Saúde e Serviços Humanos responsável pelo controle de medicamentos e produtos farmacêuticos), o teste molecular foi desenvolvido pela Abbott Labs. Segundo o presidente, poderão ser realizadas 50 mil testes por dia.

A previsão de Trump é que os Estados Unidos comecem a se recuperar economicamente até junho.

Epidemiologista prevê 200 mil mortes nos EUA

Na coletiva de domingo, o epidemiologista Anthony Fauci, responsável pelas estratégias contra a pandemia no país, considerou prudente a decisão de Trump. Fauci é diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e comanda a força-tarefa da Casa Branca para combater o coronavírus.

Em entrevista à rede televisiva CNN, Fauci afirmou que o país poderia chegar a registrar entre 100 mil e 200 mil mortes caso as medidas de distanciamento social não fossem respeitadas. Atualmente, os Estados Unidos têm o maior número de contaminações, com mais de 125 mil casos oficialmente notificados e mais de 2 mil mortes devido à covid-19.

Deborah Birx, médica que também compõe a força-tarefa como coordenadora de resposta ao coronavírus, reconheceu que a continuidade do distanciamento social representa um grande sacrifício para a população, mas reafirmou sua necessidade a fim de salvar milhares de vidas.

O cenário atual se mostra mais grave nos estados de Nova York, Connecticut e Nova Jersey. Antes de Trump anunciar que as medidas seriam estendidas, Andrew Cuomo, governador de Nova York, havia determinado que a quarentena seria prorrogada até o dia 15 de abril.