Neste sábado (28), o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, divulgou em entrevista coletiva que a situação do país é muito delicada e que está declarado o estado de emergência devido ao surto de coronavírus no país. Segundo Shinzo Abe, a situação é inevitável e pede um pacote de medidas econômicas que possam resolver a situação provocada pela pandemia do coronavírus.

O ministro prometeu anunciar o pacote em até dez dias. Mas, em contrapartida afirmou que a reabertura das escolas e dos eventos previstos para este ano será em abril.

A emissora nacional NHK informou que em Tóquio foram confirmados mais de 60 novos casos de coronavírus com um aumento diário em tempo recorde.

Yuriko Koike, governadora de Tóquio, solicitou aos milhões de habitantes da megalópole para evitar os passeios desnecessários e não urgentes até a data do dia 12 de abril de 2020.

Segundo Koike, nesta última semana as infecções por coronavírus (Covid-19) aumentaram ao ponto de ser necessário tomar novas medidas emergenciais.

Superpopulação japonesa e os baixos índices de contágio e mortes

O Japão é um dos países mais desenvolvidos e conta com uma população de quase 127 milhões num território menor que o estado do Mato Grosso do Sul, onde vivem 2,6 milhões de habitantes. Contudo, sem tomar medidas de isolamento social tem conseguido passar pela pandemia de forma leve quando se compara aos números da Itália e da Espanha.

No Japão o número de infectados é de 1.307 com 45 mortos.

Contudo, as autoridades do Japão temem que o Covid-19 esteja se espalhando de forma silenciosa no país. Dessa forma a governadora Koike acredita que as medidas poderão ser endurecidas com quarentenas obrigatórias.

Como o Japão tem conseguido driblar o coronavírus?

O diretor do Instituto de Saúde da População do King’s College, situado em Londres, Kenji Shibuya afirmou que o Japão é bastante eficiente em testar as pessoas na busca pelo vírus, além de identificar os grupos de contágio e rapidamente isolá-los, disse à BBC News Mundo.

Essa seria uma estratégia vertical para conter a propagação do coronavírus.

De acordo com Shibuya, o Japão ainda não realizou a quantidade de testes que deveria ter realizado. Esse fato pode levar a um significativo aumento no número de pessoas contaminadas. A grande preocupação do pesquisador é que exista um grupo de pessoas que não tenham apresentados os sintomas e que devido os testes japonês está atrás de outros países possa ser que haja uma ‘explosão no surto’.

Outro fator é que no Japão medidas de higiene já fazem parte da cultura. É comum o distanciamento social, bem como o uso de máscaras. Segundo Shibuya, os japoneses evitam os abraços e isso pode ter ajudado a evitar maior propagação do Covid-19. Mas, alerta que tais medidas parecem não surtir efeito em outros países, a exemplo do Reino Unido que tem adotado o distanciamento social, o trabalho em casa e o uso de máscaras o que não tem ajudado a evitar o aumento nos casos de pessoas infectadas.

O governo japonês anunciou que reabrirá as escolas e os eventos em abril

O Japão adotou medidas de fechamento das escolas, mas já anunciou que reabrirá em abril. Essa decisão tem deixado os especialistas preocupados, pois desde que os japoneses saíram as ruas para reunidos observar as flores de cerejeira, ficou claro que as pessoas estão levando menos a sério as medidas de distanciamento social.

Para Shibuya, essa é uma mensagem errada do Governo e que é preciso ter cuidado para que os cidadãos não interprete essa medida como se tudo estivesse sob controle ou então o país poderá passar por situações semelhantes aos Estados Unidos e alguns países da Europa que tem aumentado de forma considerável o contágio por coronavírus.