Na noite deste sábado (2), o ex-juiz Sergio Moro deu um depoimento com duração de mais de oito horas à PF a respeito das acusações contra o presidente Jair Bolsonaro, feitas durante seu anúncio de saída do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

As acusações se baseiam na alteração que Bolsonaro fez no comando da PF, quando exonerou Maurício Valeixo, o que resultou no pedido de demissão de Moro, isso porque o ex-ministro não concordou com a alteração feita.

Moro depôs no inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro teve alguma participação indevida para sua intervenção no comando da Polícia Federal, tendo isso como motivo para a retirada de Valeixo.

Moro garantiu que possuía provas concretas contra o presidente.

Depoimento durou mais de 8 horas

Moro começou seu depoimento neste sábado por volta das 14h e terminou por volta de 22h. Moro deixou o local na madrugada de sábado para domingo, pelos fundos, e não concedeu entrevistas. O depoimento foi colhido na Superintendência da Polícia Federal, localizada em Curitiba, mesmo lugar onde permaneceu recolhido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vale lembrar que Moro era alguém da confiança de Jair Bolsonaro, que afirmou ter se sentido traído após sua saída. Segundo o ex-ministro, a intervenção repentina de Bolsonaro na escolha do diretor-geral da PF poderia ter conflito de interesses, e garantiu que provaria.

Algumas mensagens trocadas por Moro e Carla Zambelli mostram que, ao anunciar que deixaria seu cargo no Governo de Bolsonaro, Carla disse que se propunha a persuadir o presidente a voltar atrás com sua decisão, para que Sergio Moro pudesse permanecer em sua posição, porém, não aconteceu.

Valeixo foi exonerado de seu cargo. Apesar de em sua demissão haver escrito como "a pedido", todos garantem que ele foi retirado de seu cargo contra sua vontade.

Contra essa decisão, Moro decidiu renunciar ao cargo.

Diante do momento em que estamos vivendo, de quarentena e isolamento, por conta do coronavírus, que possui grande índice de contágio, o depoimento foi colhido respeitando o distanciamento social, com o mínimo de 1,50 m de distância entre todos, em uma sala ampla, com a presença de equipamentos de segurança.

Tais medidas foram pedidas há algumas semanas pela OMS, para que não houvesse a disseminação da doença.

Em sue pronunciamento, ao sair do governo, Moro chegou a fazer algumas acusações ao presidente, e ao depor, reiterou suas acusações e apresentou provas, garantindo que houve intenções indevidas de Bolsonaro ao modificar o comando da PF.

Já era de conhecimento de Moro o desejo de Bolsonaro sobre essa alteração, pois o assunto já vem estando em pauta desde agosto de 2019, porém, só cumprido agora.