A relação estremecida entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro teve mais um capítulo nesta segunda-feira (1), quando o presidente da República afirmou que o ex-ministro da Justiça seria um "covarde" por não facilitar o porte de armas.

Em declarações a apoiadores, Bolsonaro declarou que o ex-ministro teria dificultado qualquer norma presidencial que relaxasse medidas de desarmamento, das quais sempre foi crítico durante sua carreira política.

'Covardia' de Moro

No encontro, Bolsonaro afirmou que uma Instrução Normativa (IN) da Polícia Federal, que trata de registros, comercialização, da posse e do porte de armas, teria ido contra decisões do próprio presidente de permitir a posse de armas.

A medida é de 2018, antes da posse do presidente e do ex-ministro.

A "covardia" de Moro apontada pelo presidente vem de outra portaria, uma na qual indicaria a prisão de civis que descumprissem normas de distanciamento social. A portaria, posteriormente revogada, teria causado a revolta do presidente. "Por isso que naquela reunião secreta o Moro ficou calado de forma covarde", disse.

Nesta reunião, Bolsonaro discursou sendo favorável ao armamento da população para evitar, em suas palavras, uma ditadura no país, afirmando que "povo armado jamais será escravizado".

'Alívio' por saída de Moro

Além de citar tal portaria, que fora editada pelo ex-ministro da Justiça e por Luiz Henrique Mandetta, ex-titular da pasta da Saúde, Bolsonaro também disparou contra outra medida que Sergio Moro queria adotar, a de multar pessoas que estivessem nas ruas.

Segundo Bolsonaro, a pauta, que também era uma portaria feita por Moro e pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, seria contrária a seu alinhamento ideológico e demonstrou alívio com o fato de que Moro não faz mais parte do ministério.

Na mesma conversa com seus apoiadores, o presidente apoiou firmemente medidas de relaxamento do desarmamento, afirmando que armas legais são para evitar crimes, e criticou que todas as medidas e campanhas contra o desarmamento não foram voltadas para armas ilegais.

Moro rebate Bolsonaro no Twitter

Após o presidente o criticar, Sergio Moro foi ao Twitter para postar comunicado rebatendo as declarações de Jair Bolsonaro sobre a sua postura e as afirmações feitas pelo presidente sobre si e suas medidas.

Na postagem, Moro afirmou que a medida de prender quem furasse quarentenas seria apenas um último caso, dizendo que tentou ao máximo em conversas com órgãos de segurança pública esclarecer que as medidas seriam apenas em casos considerados extremos de violação das medidas restritivas.

Sobre a discussão de armamento, o ex-ministro disse que não concordaria com medidas as quais serviriam para criar rebeliões armadas contra as medidas de quarentena impostas por governos estaduais e prefeituras. Sobretudo aquelas nas quais estão adversários políticos de Bolsonaro.