Segundo informações divulgadas pela coluna do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro executa uma política cujo objetivo é manter seus seguidores mobilizados. Internacionalmente a reputação do presidente está abalada, segundo informações do jornal divulgadas neste domingo (3).
O presidente que em campanha eleitoral tinha um discurso anticorrupção e antissistema, que negava o Centrão, hoje se aproxima do conjunto de partidos políticos que não seguem uma orientação ideológica específica e faz uso constante de comentários bombásticos para garantir a fidelidade dos seguidores e disfarçar suas reais intenções e aproximações.
Exemplos disso são a falta de decoro que acaba refletindo e virando notícia internacional como quando não parabenizou a vitória do novo líder argentino pela vitória ou quando deixou para ser o último país democrático a parabenizar Joe Biden pela vitória nas eleições norte-americanas. Para Bolsonaro a disputa resultou numa conquista fraudulenta.
Com derrota de Trump, isolamento de Bolsonaro aumenta ainda mais
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o isolamento do Brasil aumentou ainda mais após a derrota de Donald Trump. Analistas afirmam que Bolsonaro detém uma política marcada pelo negacionismo e pelo radicalismo.
Durante sua campanha, Joe Biden citou o desmatamento da Amazônia, ainda durante sua campanha, Bolsonaro chegou a afirmar nas redes sociais que a soberania nacional não seria negociada, um atrito que prevê como será relação com Biden, agora que é o atual chefe de estado dos EUA.
Quando Trump estava presidente da maior potência mundial (EUA), a atuação de Bolsonaro era ofuscada pelas "palavras irracionais" do colega americano. Agora, Bolsonaro pode se tornar o centro dos holofotes para os observadores internacionais.
Bolsonaro garante fidelidade dos seguidores 'afiando a língua'
Para Oliver Stuenkel, Coordenador da pós-graduação em relações internacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a vitória de Biden põe o Brasil numa escala de risco econômico, devido a política do Governo Bolsonaro que durante esses dois anos não tem se mostrado interessado, por exemplo, nas causas ambientalistas, principal pilar do mandato de Joe Biden, seja em âmbito nacional como no internacional.
No dia 5 de junho de 2020, o Greenpeace junto com o Instituto Socioambiental (ISA) e a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), entrou com ação judicial contra o governo de Bolsonaro com o objetivo de reverter a pretensão do governo de facilitar a exportação de madeira nativa sem a devida fiscalização, a pedido apenas de madeireiras.
Segundo Deb Haaland, secretária do Interior dos EUA, a política ambiental do presidente Bolsonaro não é a mais indicada. Isso porque em várias ocasiões o presidente foi contrário a determinadas decisões em prol do meio ambiente e tem deixado a política na Amazônia um tanto de lado.
Reputação de Bolsonaro no exterior é a pior em décadas, diz Stuenkel
Segundo o coordenador, a política de Bolsonaro tem deteriorado basicamente todas as relações do país. "Em dois anos de mandato, Bolsonaro deteriorou praticamente todas as relações do País", disse o coordenador. Os quatro mercados mais relevantes para o Brasil já não visualizam o presidente como detentor de uma reputação positiva. O presidente já teve que resolver impasses com a China, Estados Unidos, Europa e dentro da própria América Latina, ainda segundo Stuenkel.
Isso porque Bolsonaro já chegou a atacar inclusive a ONU e a OMS, tudo para atiçar os ânimos de sua torcida. Segundo diplomatas europeus, Bolsonaro é o pior inimigo da ratificação do acordo comercial junto ao Mercosul. Segundo a entrevista que Stuenkel deu ao Estado de S. Paulo, não há um único chefe de Estado da União Europeia que pretende receber a visita oficial de Bolsonaro de forma voluntária, hoje em dia.