Na última segunda-feira (1°), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, concedeu uma entrevista à rádio Jovem Pan. Na conversa com o veículo de comunicação alinhado ao Governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o chanceler foi questionado sobre diversos assuntos.

O âncora do "Morning Show" abriu a entrevista questionando o ministro de Bolsonaro sobre o que seria o "tecnototalitarismo". Araújo respondeu que se trata de uma preocupação com a cultura do cancelamento, que com o importante papel que a internet tem no mundo atual, torna-se perigoso não ouvir as diversas vozes do debate público, acarretando em uma forma de totalitarismo para calar vozes discordantes.

China

Questionado por um ouvinte da atração em que condições andam a relação entre o Brasil e a China, o ministro das Relações Exteriores já não faz mais suas declarações belicosas contra o país, depois de toda a celeuma que seus ataques ao país causou. Agora Araújo se comporta de maneira mais adequada ao que manda a liturgia do cargo que ocupa.

Araújo alegou que se trata de narrativas defendidas por “algumas correntes” interessadas em afirmar que as relações entre os dois países não andam bem. Araújo afirmou que as relações comerciais entre as duas nações só crescem, o que já seria um indicativo do quão bom está o diálogo entre Brasil e China. Ele ainda afirmou que não existe nenhum problema nas áreas da diplomacia e da política na questão dos insumos que o Brasil precisa comprar da China para a fabricação das vacinas contra a Covid-19.

Leite condensado

Coube ao jornalista Joel Pinheiro quebrar o clima de tranquilidade com que a entrevista vinha transcorrendo e questionar o chanceler sobre o episódio em que o presidente da República, em um almoço em uma churrascaria em Brasília, falou sobre o caso do leite condensado. Bolsonaro proferiu palavrões impublicáveis e ainda mandou que a imprensa enfiasse as latas de leite condensado no "ra**".

Joel Pinheiro então ressaltou que Araújo estava presente no encontro e que, assim como a multidão de apoiadores ali presentes, também entoou os gritos de “mito” para homenagear Bolsonaro.

Pinheiro então pergunta ao convidado se isso não teria sido uma atitude infantil de um ministro que representa o Brasil no mundo inteiro.

Araújo respondeu que não vê sua atitude como infantilidade e culpou a imprensa pela situação, acrescentando ainda que admira “muitas coisas no presidente” e que acredita ser “fundamental” os brasileiros chamarem Jair Bolsonaro de “mito”.