Uma nova suspeita surgiu após a divulgação de mensagens envolvendo magistrados e procuradores que atuaram na Operação Lava Jato. Desta vez trata-se da possibilidade dos membros do Ministério Público Federal (MPF) terem enviado ao Ministério Público da Suíça nomes de suspeitos de envolvimento em casos de corrupção e que depois fecharam acordos de delação premiada. Segundo as informações divulgadas pelo colunista Jamil Chade, do portal UOL, a troca de informações entre as entidades aconteceram fora dos canais oficiais da Justiça.

Dentre as informações repassadas aos suíços estão os nomes de pelo menos 10 pessoas que faziam parte da cúpula da Odebrecht.

Nas mensagens divulgadas pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF, procuradores da Lava Jato sugerem sigilo sobre a troca de informação.

Outra informação obtida com base nas mensagens é a de que o procurador Deltan Dallagnol realizou uma consulta sobre o repasse a “americanos e suíços” de planilha com as penas dos delatores com a "condição de manterem confidencial". Essa cooperação fora dos canais oficiais pode resultar na anulação das provas apresentadas contra réus no âmbito da operação Lava Jato.

As mensagens, trocadas entre membros do MPF e da PGR entre março de 2016 e setembro de 2017, mostram vários diálogos sobre o que viria a ser o acordo de leniência da Odebrecht, firmado com o MPF em dezembro de 2016.

Outros trechos mostram também que os procuradores discutiram as negociações da empreiteira com Estados Unidos e Suíça. Sobre estas acusações, a Lava Jato e a Justiça da Suíça negaram a existência de trocas de mensagens entre as entidades fora dos canais oficiais.

Em entrevista ao UOL, membros da operação afirmaram que a prática de cooperação e troca de informações entre autoridades de países diferentes é comum e recebe o consentimento da lei.

Lista com nomes

No dia 19 de setembro de 2016, o procurador Orlando Martello enviou uma mensagem informando que havia enviado uma lista com vários nomes solicitada por um procurador suíço chamado Stefan Lenz, considerado o linha de frente da Lava Jato naquele país, e usou o termo “in off” ao final da mensagem. Martello não justificou o motivo de ter terminado a conversa desta forma ao confirmar que havia enviado a planilha para o procurador suíço.

Em seguida, Martello postou a resposta que recebeu do procurador suíço, que alegou que a lista não estava completa.

Na mensagem, que foi traduzida do inglês para o português, Lenz confirma que recebeu a lista, mas que estava faltando os nomes de mais pessoas e em seguida cita vários nomes que, segundo ele, estava lembrando no momento em que enviou a mensagem e questiona se Martello tinha algum comentário a fazer sobre as pessoas citadas.

O procurador da Lava Jato no Brasil então falou aos colegas que os nomes citados por Lenz devem fazer parte dos suspeitos que o suíço vem investigando.