Em entrevista ao blog do jornalista Valdo Cruz, do portal G1, o vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo à comissão, nesta terça-feira (18), comprometeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello ao expor a opção de dar mais atenção à produção e compra de insumos para a fabricação de cloroquina em detrimento da aquisição de imunizantes.
Em seu depoimento, Ernesto Araújo afirmou que o presidente Bolsonaro lhe ordenou que negociasse com o Governo da Índia a compra dos insumos para a produção de cloroquina no Brasil e que a pasta da Saúde também fez o pedido, diante de uma baixa no estoque do remédio no país.
De acordo com o senador Randolfe Rodrigues, o depoimento de Ernesto Araújo deixou claro que se tratou de uma decisão do governo federal, tomada pelo Ministério da Saúde, de aderir à cota mínima de 10% do consórcio Covax Facility para a aquisição dos imunizantes, e não a cota de 50%.
A conclusão de Randolfe Rodrigues então é que o Ministério da Saúde não estava preocupado com vacinas, e sim com a cloroquina, dentro da teoria da imunidade de rebanho, disse o senador. O parlamentar declarou ainda que, apesar de Ernesto Araújo tentar desmentir tudo aquilo que disse durante seu período no comando do Itamaraty contra a China e contra o imunizante Coronavac, em seu depoimento à CPI Araújo ele deu uma importante contribuição.
Venezuela
Na oitiva da terça-feira, Ramdolfe perguntou ao ex-ministro das Relações Exteriores sobre qual foi o papel do Itamaraty na crise do oxigênio ocorrida no Amazonas. O ex-chanceler respondeu então que não teve nenhum tipo de contato com o governo venezuelano para pedir ou agradecer pelo apoio do país vizinho. A Venezuela doou cilindros de oxigênio hospitalar para o Amazonas e o governo brasileiro não agradeceu a ajuda humanitária.
Spray nasal
Araújo anteriormente também não conseguiu dar explicações convincentes sobre a viagem da comitiva brasileira a Israel para tratar de um acordo para tentar trazer para o Brasil um medicamento que estava em fase inicial de testes no país, que foi elaborado para tratar a Covid-19, o spray nasal EXO-CD24. Randolfe declarou a Araújo que o governo Bolsonaro o abandonou na CPI.
“Responda às perguntas, pense na sua biografia”, disse o senador ao depoente.
O senador também questionou Araújo sobre qual seria o papel de Max Moura na comitiva a Israel. Randolfe Rodrigues perguntou qual era a especialidade do assessor especial do presidente Jair Bolsonaro e qual seria o papel técnico de Max na comitiva.