O atual ministro do Meio Ambiente, Rodrigo Salles, é alvo de uma investigação da Polícia Federal por uma suposta flexibilização de normas ambientais para facilitar a exportação de madeira obtida de forma ilegal. As autoridades levantaram a suspeita de que uma ação conjunta de servidores de confiança de órgãos de proteção ambiental, como o Ibama, facilitaram a exportação de remessas de madeiras ilegais do Brasil.

Neste sábado (22), uma norma que permitia a exportação de produtos e subprodutos de espécies de madeira nativas foi restabelecida pelo Ibama por meio do cumprimento de uma ordem judicial.

Essa regulamentação havia sida suspensa ainda no ano passado, quando Eduardo Bim era o presidente da entidade. Ele foi afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal, cujo ministro Alexandre de Moraes conduz a operação Akuanduba, que investiga crimes contra a administração pública e parece mirar no ministro Rodrigo Salles

Salles também pode ser alvo de investigação americana

Nesta última sexta-feira (21), o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos comunicou à Polícia Federal que foram apreendidas três remessas de madeira brasileira em direção a algumas regiões do país, especificamente para os portos de Nova Orleans e Seattle. Ao todo foram 74 toneladas de madeira nativa apreendidas.

O órgão também pediu que as autoridades brasileiras compartilhem informações, o que constitui o passo inicial para começar uma investigação, e um dos alvos pode ser o ministro do Meio Ambiente do Brasil. “Solicitar o compartilhamento das investigações e das evidências produzidas no Brasil e nos Estados Unidos sobre crimes relacionados à exportação de produtos florestais entre os dois países, inclusive aquelas atinentes à operação Akuanduba", diz o ofício do órgão público americano.

Salles já é investigado pela PF

Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Salles ficou famoso por ter indicado o uso da atenção da mídia e da sociedade na pandemia para "passar a boiada", como possível forma de referência para flexibilizar regras que protegem a exploração do meio ambiente.

Agora, a operação Akuanduba da Polícia Federal parece mirar o ministro.

Ela foi autorizada por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que também autorizou quebra de sigilos bancário e fiscal do ministro, além de emitir diversos mandados de busca e apreensão. O ministro do STF também mandou suspender um despacho de Eduardo Bim, que liberava a exportação de produtos nativos sem a necessidade de autorização legal.

Aliados do governo sugerem o afastamento do ministro

Preocupados com a imagem do Governo, que já anda muito afetada pelas consequências da pandemia da Covid-19 e também pela CPI que atualmente ocorre no Senado Federal, os aliados de Jair Bolsonaro sugerem que Ricardo Salles seja afastado do Ministério do Meio Ambiente antes que a investigação chegue em possíveis crimes cometidos pelo ministro.

Jair Bolsonaro defendeu o advogado em sua live nesta última quinta-feira (20). Já o vice-presidente da República comentou a deflagração da operação Akuanduba da Polícia Federal. “Toda história tem dois lados. Por isso, tem que fazer uma investigação policial, não se pode condenar a priori. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao autorizar isso, provavelmente reconheceu que existem indícios fortes. Se não, ele não teria autorizado. Vamos aguardar o desenrolar disso aí”, disse o general Hamilton Mourão.