A CPI da Covid, que acontece no Senado Federal para apurar eventuais crimes ou omissões do Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia, segue a todo vapor e com polêmicas. Nessa terça (25), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, esteve na Casa. Suas respostas às perguntas dos senadores da comissão parlamentar de inquérito geraram críticas de opositores.

Ela manteve a defesa da cloroquina, medicamento sem comprovação científica contra o coronavírus, comentou sobre a situação do colapso do oxigênio em Manaus no início de 2021 e falou do Tratcov, aplicativo do Ministério da Saúde que prestava uma espécie de atendimento remoto às pessoas com sintomas da doença.

Oposição x governo

As contradições nos depoimentos dos membros do governo Bolsonaro que passam pela CPI da Covid têm sido prato cheio para a oposição. Um exemplo, é o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Ele postou um vídeo em sua rede social na noite dessa terça-feira, onde fez ressalvas ao depoimento da pediatra membro do Ministério da Saúde. "A capitã cloroquina Mayra Pinheiro, ela é médica pediatra e ficou conhecida por defender abertamente o uso da cloroquina. Um medicamento que a Organização Mundial de Saúde [OMS] e todos os institutos de pesquisas disseram que não é indicado para o tratamento da Covid", disse.

Contradição

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello esteve na CPI na última semana.

A respeito do colapso do oxigênio em Manaus, no início ano, Pazuello afirmou na comissão que havia tomado ciência da situação de risco no dia 10 de janeiro. Mayra disse que esteve em Manaus no dia 5 de janeiro e comunicou ao ministro do risco de colapso no dia 8. Freixo atacou. "Destaque para contradição do que ela [Mayra] disse, do que Pazuello disse.

Ela simplesmente disse que esteve em Manaus do dia 3 ao dia 5 de janeiro. Ela esteve lá! E ela visitou Manaus. Só para lembrar que no dia 14 de janeiro foi o dia que explodiu completamente a notícia da falta de oxigênio e as pessoas morreram sem ar. Na situação dramática, o país inteiro se sensibilizou demais com o que estava acontecendo", destacou.

Freixo foi mais além em suas críticas. "Enfim, ela disse que esteve em Manaus no mesmo mês e não sabia. Profissional de saúde, uma médica, que trabalha no Ministério da Saúde vai ao lugar onde depois as pessoas morrem sem ar, que falta oxigênio no mesmo no mês, e disse que não sabia? Com quem ela conversou? O quê que ela foi fazer? Esse era o principal problema do lugar. Essa CPI está revelando doses de psicopatia, as pessoas parecem acreditar na mentira que contam (...) as pessoas mentem de uma maneira impressionante na base desse governo e como representante desse governo", acusou.