O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) falou, nesta terça-feira (11), na Câmara Federal, onde está sendo debatida a reforma administrativa. O jovem político ganhou espaço no espectro político da direita brasileira em meados da última década, quando encabeçava o MBL (Movimento Brasil Livre). O movimento paulistano foi um dos impulsionadores das manifestações de rua que culminaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Já em 2018, Kim foi o deputado federal mais jovem a ser eleito na história da democracia brasileira. Na época com 23 anos, ele alcançou, em São Paulo, 465 mil votos.

Ainda na eleição de 2018, apoiou Jair Bolsonaro na corrida presidencial, rompendo depois devido a discordâncias na conduta do Governo federal em aspectos de combate a corrupção e enfrentamento à pandemia do coronavírus.

Reforma administrativa

Neste terça, o jovem político voltou a cutucar o presidente ao tomar a palavra nos debates sobre a reforma administrativa que tramita na Câmara. "Lamentar que o governo não esteja presente nessa discussão. Numa das reformas mais importantes, estruturantes para o país, você simplesmente ter a ausência do governo nesse debate é um coisa vexatória. Realmente, uma falta de comprometimento com a agenda do país e com o debate. Se o governo realmente quer que alguma reforma caminhe, e eu tenho dúvidas em relação a essa intenção do governo, precisa no mínimo estar presente nos debates e colocar sua posição.

Essa é uma consideração inicial importante a ser feita", disparou.

Críticas ao projeto

Para o deputado, a reforma debatida na Casa segue privilegiando os mais ricos em detrimento dos mais pobres. "Tenho emendas no sentido de incluir Judiciário, Ministério Público, Legislativo no corte de benefícios. Não faz sentido você ter classes privilegiadas, ali principalmente da elite política, Judiciário e do Ministério Público, que acumulem ali férias de dois meses, licença-prêmio, depois venda essas férias e consiga supersalários", pontou.

Kim continua com as ressalvas ao projeto. "Isso acho que é uma coisa que já passou da hora de acabar. Você tem um projeto de lei na Comissão de Constituição e Justiça, que é o chamado abate-teto, para tentar cortar esses supersalários, mas eu não sei se vai ser suficiente, dado que a interpretação sobre acúmulo de supersalários, hoje, é do Supremo Tribunal Federal [STF].

Acho que a gente precisaria fazer essa modificação na própria Constituição", pediu.

Ainda segundo o político, o estado brasileiro é uma espécie de Robin Hood ao contrário. "Não faz sentido a elite do funcionalismo público concentrar renda como concentra no Brasil", completou.