Segundo a colunista Carolina Brígido, do portal UOL, a disputa pela próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) não está causando alvoroço somente no meio jurídico.
Em julho, o ministro Marco Aurélio Mello irá se aposentar, e na família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está ocorrendo uma disputa entre o primogênito do mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os dois têm seus preferidos para ocupar a vaga.
Embate entre Flávio e Michelle
Segundo a colunista, a esposa de Bolsonaro tem um enorme apreço por André Mendonça, o advogado-geral da União, por quem ela tem feito lobby.
Enquanto isso, Flávio Bolsonaro defende o nome de Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O presidente da República conversou com dois ministros do STF e revelou que ainda não tomou uma decisão definitiva sobre quem irá assumir a cadeira do ministro Marco Aurélio.
Religião
Um dos critérios utilizados para a escolha do próximo ministro do Supremo passa pela questão religiosa, muito por influência de Michelle Bolsonaro, que frequentemente defende que deve ter um evangélico no STF.
Em julho de 2019, Jair Bolsonaro já havia dito que queria que o Supremo tivesse um ministro "terrivelmente evangélico". Na ocasião, a fala do mandatário foi entendida como um afago à base evangélica.
Dois anos se passaram e parece que finalmente Bolsonaro irá cumprir a promessa.
Tanto Mendonça quanto Martins são evangélicos. André Mendonça é pastor e constantemente faz orações com Jair e Michelle. Sua personalidade gentil foi o que teria conquistado a primeira-dama.
Um desafio que Mendonça enfrentou foi o julgamento em abril passado no STF sobre o funcionamento das igrejas durante a pandemia do coronavírus.
Ainda que tenha perdido a causa, seu discurso inflamado em defesa da abertura das igrejas agradou ao líder do Executivo. Bolsonaro já imaginava que não iria ter sucesso na missão, mas ficou contente com o empenho do aliado.
Humberto Martins, por sua vez, em recentes eventos no Judiciário tem feito citações à Bíblia e à misericórdia divina.
Também em abril, Martins autorizou que fossem retomadas as obras do museu da Bíblia, localizado em Brasília e custeado com verbas públicas.
Mesmo com dois favoritos para a vaga no Supremo, Bolsonaro pode surpreender e não escolher nem Mendonça nem Martins.
Em julho do ano passado, mesmo com o favoritismo de Mendonça para assumir a vaga deixada por Celso de Mello no Supremo, Bolsonaro surpreendeu a todos com o nome do relativamente desconhecido Kassio Nunes Marques. Marques, que era desembargador, conheceu Bolsonaro em 2018 e, desde então, tem mantido contato com o presidente.