Guilherme Boulos (PSOL) tem sido nome ativo na oposição ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O político tem sido crítico da política bolsonarista em suas redes sociais. Na noite desse domingo (20), Boulos postou mais um vídeo do quadro "Café Com Boulos" em seu canal no YouTube.

Dilemas da esquerda

Na conversa com os internautas, Boulos falou sobre os dilemas da esquerda na formação de uma chapa para vencer Bolsonaro nas Eleições de 2022.

"Ninguém aguenta mais. Está todo mundo indignado, exausto desse governo de milicianos e genocidas.

A questão que a gente ouve em todos os cantos é o quê que a gente tem que fazer para tirar essa turma do poder? A angústia para poder acabar de vez com esse pesadelo, fez muita gente da esquerda acreditar, que a gente precisa moderar o discurso. Botar o pé no freio, juntar todo mundo de A a Z para se preparar pra tirar o Bolsonaro em 2022. Ou seja, de que a gente precisaria deixar o nosso projeto político e a nossa visão de sociedade para um outro momento", citou.

Boulos ressalta a junção de forças contra o bolsonarismo.

"Uma primeira questão, a gente precisa saber diferenciar o que é que é uma unidade pela democracia contra Bolsonaro, ou seja, juntar todo mundo contra os arroubos autoritários dele, as ameaças golpistas.

Ou mesmo contra o negacionismo da pandemia isso é uma coisa. E outra coisa é unidade nas eleições. Ou seja, tem um projeto comum de país para apresentar para a sociedade.

Projeto da esquerda

Guilherme Boulos é favorável ao diálogo com as forças democráticas.

"No momento que a gente está vivendo, a amplitude é fundamental. Nós não podemos ter sectarismo, achar que somos melhores, não ter capacidade de diálogo com quem pensa diferente, essa é a escola de política que o bolsonarismo está fazendo", disse.

Para Boulos, o bolsonarismo mudou a régua da política, colocando a direita mais ao centro.

"Amplitude não quer dizer ignorar as diferenças. Em uma eleição a gente não se apresenta só contra quem nós estamos: contra Bolsonaro, contra o projeto dele. Em uma eleição a gente apresenta para o povo o nosso projeto de país. E aí, existe um abismo tremendo entre o projeto de esquerda do campo proguessista e o projeto daqueles que hoje se colocam como centro, mas que, na verdade, sempre foram a direita tradicional no Brasil.

Como ele [Bolsonaro] é de uma direita tão extrema, aqueles que eram a direita brasileira, que sempre foram, agora passaram a ser chamados de centro. Quem era de centro passou a ser chamado de esquerda. E quem já era de esquerda passou a ser chamado de extremista. Mas é importante que a gente não se deixe levar por essa mudança de rótulos. Porque, na prática, as posições não mudaram. Aquele que se diz hoje centro, compartilha com Bolsonaro a agenda econômica liberal, que é uma das principais razões para o Brasil estar nesse atoleiro", criticou.