O senador Omar Aziz [VIDEO] (PSD-AM), presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid, afirmou em entrevista ao blog do jornalista Valdo Cruz, do portal G1, que o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que está sendo investigado por ter supostamente elaborado um estudo paralelo sobre óbitos por Covid-19 no Brasil, pode ser a “chave” para comprovar a atuação do clã Bolsonaro contra ações de enfrentamento à crise sanitária.
Silva Marques escreveu uma nota em que saia em defesa da tese de que governadores inflaram de maneira irregular as informações sobre óbitos causados pelo coronavírus para assim poderem receber recursos do Governo federal.
O estudo chegou a ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como se ele se tratasse de um documento oficial do TCU. Após o tribunal desmentir Bolsonaro, o presidente afirmou que errou ao divulgar a informação.
Convocação
Aziz afirmou que o auditor do TCU será convocado e terá seus sigilos telemático e telefônico quebrados. A informação que se tem até o momento é a de que Alexandre seria responsável pelo estudo que foi atribuído ao TCU e posteriormente divulgado por Jair Bolsonaro em sua batalha conta os governadores, disse o senador. De acordo com o presidente da CPI, as informações que se têm até agora dão conta de que o auditor tem ligações com os filhos de Jair Bolsonaro e que teria repassado para eles o estudo.
O TCU abriu uma investigação para apurar a conduta de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que é considerado dentro da Corte como aliado do presidente Jair Bolsonaro. O servidor do TCU chegou até mesmo a ser indicado pelos filhos do líder do Executivo para uma vaga na diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém sua nomeação foi barrada pela presidência do TCU, que afirmou haver conflito de interesses na situação.
Para que ele pudesse ir para o BNDES, Marques teria que pedir demissão do TCU, coisa que ele se negou a fazer. Jair Bolsonaro ligou para José Mucio Monteiro, então presidente do TCU, para interceder em nome de Alexandre, mas ouviu como resposta que Alexandre teria que se desligar em definitivo do TCU para poder se transferir para o BNDES.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou que a quebra dos sigilos telemático e telefônico de Alexandre poderão mostrar se ele se comunicou com os filhos do ocupante do Palácio da Alvorada nos dias anteriores às declarações de Jair Bolsonaro sobre o estudo.
O blog de Valdo Cruz também ouviu ministros do TCU que afirmaram que o aliado do clã Bolsonaro tentou convencer seus colegas auditores a anexar o estudo a uma fiscalização em andamento no tribunal sobre as atuações dos governadores na gestão da pandemia da Covid-19.
Os técnicos não concordaram com a sugestão. Um técnico ouvido pelo blog afirmou que para o que Marques afirma no documento pudesse acontecer, seria necessário que os governadores convencessem centenas de médicos a falsificarem atestados de óbitos, pois são os médicos que assinam os atestando, e não os governadores.