Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a esticar a corda contra as instituições democráticas. Na segunda-feira (26), o chefe do Poder Executivo afirmou que "está na cara que querem fraudar" as Eleições do próximo ano. O presidente questionou novamente a segurança das urnas eletrônicas, sem apresentar nenhuma comprovação, e disse que quaisquer manifestações fazem parte do direito à livre expressão, ainda que defendam intervenção militar e o AI-5 (Ato Institucional nº 5), a medida mais brutal da ditadura militar.

Jair Bolsonaro disse que não consegue compreender “por que os caras” são contrários a uma forma de as eleições transcorrerem e não ter reclamação de ninguém, o ocupante do Palácio da Alvorada então afirmou que obviamente se trata de intenção de fraudar as eleições.

"Geralmente, quem está no poder é que faz artimanhas. Eu estou fazendo justamente o contrário", disse o presidente, em mais uma crítica velada ao ministro Luis Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ameaça

Na última quinta-feira (22), o jornal O Estado de S. Paulo fez a revelação de que o deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara dos Deputados, recebeu uma dura mensagem do general Walter Braga Netto, ministro da Defesa. Braga Netto teria enviado um interlocutor para dar a mensagem a Lira. Nessa mensagem, foi informado a quem pudesse interessar que não iria haver eleições em 2022, se não fosse aprovado o voto impresso no país. Depois da publicação da notícia pelo Estadão, Braga Netto, por meio de nota, afirmou que não utiliza interlocutores para mandar mensagens e reiterou apoio ao "voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso".

O retorno do voto impresso é uma bandeira do bolsonarismo. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece o retorno do voto impresso está tramitando em uma comissão especial da Câmara dos Deputados e é dada como certa a derrota do Governo federal na análise do tema.

O presidente Bolsonaro está fazendo uma defesa agressiva do voto impresso.

Ele alega que o atual sistema de votação está sujeito a fraudes, mesmo com o voto na urna eletrônicas podendo ser auditado. Tendo que lidar com a repercussão negativa da ameaça do ministro da Defesa, Bolsonaro agora trocou o termo “voto impresso” por “voto democrático”, durante conversa com apoiadores na segunda-feira na porta do Palácio da Alvorada.

Democracia

Aos seus apoiadores, Jair Bolsonaro disse que quem levanta uma placa defendendo o AI-5 está apenas exercendo a liberdade de expressão. O presidente também defendeu que quem quisesse levantar um cartaz que estivesse defendendo a pena de morte, que isto também seria liberdade de expressão.