O PL (Partido Liberal), partido do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, pagou pelo menos R$ 225 mil ao Instituto Voto Legal (IVL) para a produção de um relatório divulgado na última quarta-feira (28) que levanta dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O PL contratou o IVL para representar o partido na análise do pleito. Para elaborar o relatório, que posteriormente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chamou de “mentiroso”, o instituto buscou subsídios junto a um órgão ligado à Presidência da República.

O TSE afirmou que as informações do partido de Bolsonaro têm como objetivo tumultuar o processo eleitoral.

O pagamento do PL ao IVL está no balanço financeiro da legenda partidária enviado a TSE, de acordo com registros de uma conta bancária nomeada como “outros recursos”. As informações ainda são parciais e englobam o período entre os meses de janeiro e julho de 2022. A transferência eletrônica aconteceu no dia 29 de julho. Na mesma conta ainda aparecem registradas doações de empresários ao partido presidido por Valdemar da Costa Neto.

Sem comentários

A Folha de S.Paulo conversou com Carlos Rocha, presidente do IVL, que disse que não iria comentar a relação contratual mantida com o partido de Jair Bolsonaro.

O engenheiro afirmou que não iria “entrar nesse campo”. O PL, por meio de assessoria de imprensa, também declarou que não iria falar sobre o assunto.

Ameaça

No início do mês de maio, Bolsonaro anunciou, em um tom de ameaça, que seria contratada uma auditoria e deu a entender que o resultado da análise iria complicar o TSE caso a empresa contratada comprovasse que não é possível auditar o voto.

O atual líder do Executivo lidera uma cruzada contra o TSE e as urnas eletrônicas e tem feito diversas insinuações golpistas sobre a disputa eleitoral.

Após a contratação pelo PL, representantes do IVL fizeram várias reuniões em órgãos diferentes, reunindo-se até mesmo com técnicos do Governo federal. Eles tiveram encontro com diretores do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão ligado à Casa Civil e que mantém acordo de cooperação técnica com o TSE.

Carlos Fortner, o diretor-presidente do ITI, informou que aconteceu uma reunião no dia 4 de agosto, como está registrado na agenda de Fortner.

Alexandre de Moraes

O presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, determinou que o documento fosse anexado ao inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja relatoria é do próprio Moraes, para que seja apurado se houve responsabilidade criminal dos seus idealizadores.

O caso também será enviado à Corregedoria-Geral Eleitoral para que seja instaurado um procedimento administrativo que irá apurar se houve responsabilidade do PL e de seus dirigentes, em um eventual desvio de finalidade na utilização dos recursos do fundo partidário.