O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), está sofrendo o que talvez seja o seu momento mais difícil na campanha eleitoral para sua recondução ao Palácio do Planalto. Primeiro foram as acusações de canibalismo, quando as redes sociais viralizaram um vídeo em que Bolsonaro dá uma entrevista e relata que em uma visita a uma tribo yanomami morreu um indígena e ele estava sendo preparado para ser comido. O então deputado federal relatou que só não comeu carne humana por que ninguém da comitiva em que estava quis acompanhá-lo.

Desconcertado com a situação, o mandatário tentou de todas as formas se livrar do rótulo de canibal e para isso criou as mais diversas justificativas para o fato. Bolsonaro tentou convencer as pessoas que o vídeo tinha sido gravado há três décadas. O vídeo, na verdade, data de 2016, quando o então deputado concedeu uma entrevista ao jornalista Simon Romero, do The New York Times.

O artigo com o estranho relato foi publicado pelo periódico no dia 7 de maio do mesmo ano. O vídeo que viralizou somente em 2022 estava no próprio canal do YouTube do presidente Bolsonaro. Para a sorte dele, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impediu que o Partido dos Trabalhadores (PT) continuasse a usar o fato na propaganda eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas se o caso ficou relativamente esquecido, logo outro vídeo do presidente viria a causar polêmica. Desta vez o ocupante do Palácio da Alvorada esta sendo acusado de ter feito uma declaração que muitos estão associando à pedofilia. Em entrevista a um podcast, Bolsonaro relatou que estava andando de moto no Distrito Federal (DF), quando encontrou adolescentes venezuelanas.

Segundo ele, “pintou um clima” e ele voltou para conversar com as garotas. A declaração causou sérios prejuízos à campanha de Bolsonaro e agora ele tenta consertar o estrago.

Guerra

Na disputa com Lula, a campanha do atual presidente decidiu que irá pegar pesado nos ataques ao petista, que está na liderança das pesquisas de intenção de voto.

A estratégia, de acordo com os responsáveis pela campanha de Bolsonaro, é atacar o ex-presidente Lula com golpes sujos, relatou o jornalista Igor Gadelha em sua coluna no portal Metrópoles. Segundo os estrategistas de Bolsonaro, a intenção é explorar fatos da vida pessoal do petista, o que incluiria até mesmo questões sexuais.

A estratégia já começou a ser testada na quarta-feira (19), quando apoiadores de Jair Bolsonaro começaram a distribuir um vídeo que volta a falar sobre acusações antigas contra o ex-presidente e até mesmo uma entrevista que ele concedeu à revista Playboy no ano de 1979. O vídeo foi feito pelos marqueteiros da campanha de Bolsonaro, porém ainda não havia sido postado nas redes sociais do presidente e nem nas de seus aliados.

Os ataques mais pesados a Lula são defendidos pela chamada área ideológica do governo federal e da campanha à reeleição. Este grupo avalia que é preciso atacar Lula em outras frentes, não somente na corrupção.