O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) subiu à tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8), vestindo uma peruca loira, e começou a se declarar como uma pessoa "trans", afirmando que agora teria seu lugar de fala no tema. Todo ano, no dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher e, por ser homem, ele teria que esperar as mulheres discursarem. No entanto, logo após o discurso transfóbico do parlamentar, Nikolas compartilhou uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fora de contexto, acusando-o de preconceito.

Durante a campanha eleitoral em outubro do ano passado, contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula participou do podcast "Flow", onde declarou que seu adversário tinha a capacidade de "inventar mentiras". "Eles (articuladores da campanha de Bolsonaro) são capazes de dizer que você nasceu mulher e depois vira homem, eles são capazes de dizer que vaca voa, são capazes de dizer que cavalo tem chifre e boi não tem. Qualquer mentira não tem tamanho e não tem hora. É uma verdadeira fábrica de mentiras a campanha de Bolsonaro", disse Lula.

Na época do ocorrido, o vídeo foi tirado de contexto e teve bastante repercussão em grupos de apoiadores de Bolsonaro como uma fala transfóbica.

No Instagram do parlamentar, o vídeo recebeu um aviso de que teria sido modificado. No entanto, Nikolas respondeu: "E aí?".

Presidente da Câmara faz reprimenda publica

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), repreendeu o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pelo discurso preconceituoso que fez no Dia Internacional da Mulher. Durante sua fala, Nikolas usou uma peruca loira e se apresentou como "deputada Nicole", o que foi considerado inapropriado para o ambiente do plenário da Câmara. Em suas redes sociais, Lira afirmou que o plenário não é lugar para exibicionismo e que não tolerará qualquer tipo de desrespeito contra as pessoas.

O deputado Nikolas, que foi o mais votado do país com 1,47 milhão de votos, zombou do movimento de direitos das mulheres e defendeu que elas devem retomar a feminilidade por meio da maternidade e do casamento.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o crescente número de ofensas na Câmara levou Lira a pedir aos seus colegas que controlem sua linguagem e ameaçou processar no Conselho de Ética aqueles que não conseguirem se controlar.

Ainda, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) anunciou que apresentará um pedido de cassação do deputado por sua fala transfóbica. “Estamos falando de um homem, que no dia internacional das mulheres, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil”, afirmou. “Não precisa ter mais diálogo. Tudo agora é cassação”, disse Nikolas em resposta.