No ultimo fim de semana uma menina de 12 anos fugiu do acampamento cigano onde morava com sua avó na cidade de Pedregulho, a 40 Km de Franca, interior de São Paulo, após ser obrigada a ser casar.

Após fugir, ela e a avó passaram a sofrer ameaças, afirma a polícia, proferidas principalmente pelo homem com quem a adolescente foi obrigada a se casar e que ficou inconformado com a fuga.

A garota disse que vivia com a avó em um acampamento e que foi prometida, segundo as tradições ciganas locais, a um rapaz com quem se casou. Ela conta que tentou várias vezes resistir à união, porém, quando sua avó precisou viajar, um grupo resolver realizar o casamento.

Na última sexta-feira, dia 7, após a celebração do casamento, na noite de núpcias, a garota fugiu do acampamento e solicitou ajuda em um estabelecimento comercial. Em seguida ela foi encaminhada ao Conselho Tutelar de Franca e levada a um lugar seguro, não divulgado, onde recebe acolhimento institucional.

A mãe da menina já havia se casado há muito tempo e também já havia se mudado do acampamento, como fez também o tio dela. A avó da menina não pôde mais voltar ao acampamento devido à várias ameaças que as duas passaram a sofrer após o ocorrido. A menina e a avó continuam sobre proteção especial.

Na cultura cigana, o casamento é umas das tradições mais importantes e é natural a promessa de meninas, desde pequenas, a casamentos para que se possa preservar a cultura do povo.

Muitas vezes, essa forma de arranjo para o casamento trata-se de algum interesse financeiro e normalmente a opinião da noiva não é levada em consideração. Para quem não cumpre o acordo há várias punições, entre elas, a expulsão do acampamento onde se reúne o povo.

Apesar da cultura, o Código Civil brasileiro, em seu art. 1.517, autoriza o casamento apenas aos maiores de 16 anos de idade, desde que tenham autorização dos pais ou judicial.

Além dessas hipóteses, a mesma lei autoriza, excepcionalmente, também o casamento de quem não alcançou a idade mínima de 16 anos em casos de gravidez precoce, conforme destaca o art. 1520.

O fato está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Franca, órgão especializado, e está sendo comandado pela delegada Graciela Ambrósio, que é a responsável pela DDM de Franca.

As ameaças também estão sendo investigadas.

Pessoas ligadas à Família de uma noiva cigana foram mortas, há quatro anos no interior do Rio de Janeiro, depois que ela fugiu para não casar com o homem a quem foi prometida.