Remando contra a maré, Marcia de Ogum é Pedagoga, mas tem formação como Pastora. Ela deixou a Igreja Evangélica para servir a Deus na Umbanda, ao contrário de "99,9%" das pessoas, que saem das religiões afro para se converterem na Igreja Evangélica.
Ela se diz muito decepcionada com o que viu nas Igrejas e que não encontrou os ensinamentos de Cristo nas mais de 50 Igrejas que conheceu. “As pessoas ficam iludidas, achando que ir a igreja vai salvar alguém, e, no final dos cultos, é um festival de pecados, dentro da Igreja ainda, em total desrespeito ao Jesus que afirmam seguir”, afirma Marcia.
Não bastando, a cantora dispara: “E são esses, ainda, que apontam para as pessoas de outras religiões, se achando os donos da verdade absoluta, sem tirar o vergão de seu olho antes de tirar do outro. Creio que aquele que conhece a Bíblia e não sai do banco da Igreja tem obrigação moral de dar exemplo, em vez de tornar Jesus motivo de chacota, como ocorre comumente, no que os líderes das Igrejas tem muita culpa”.
Falando com propriedade, por ser Pastora, a médium e artista afirma: “Na Umbanda encontrei verdadeiramente caridade, fraternidade, amor ao próximo, tudo que Jesus prega na Bíblia, e sem qualquer preconceito religioso. Abraço pessoas de todas as religiões, não ofendo nem discrimino. As pessoas é que por vezes têm problemas com a minha Religião.
Apenas repreendo quando necessário, se for ofendida, sofrer uma tentativa de agressão, ou provoco reflexões críticas, como educadora que sou”.
Márcia de Ogum vai além e compara: “Infelizmente, é uma realidade. Não se vê católicos, kardecistas, nem budistas, por exemplo, marchando com ódio das pessoas e atacando ferozmente quem não pertence a sua Igreja, chegando a praticar atos criminosos, dizendo seguir a Jesus e fazer a sua obra.
A questão é: O que essas pessoas sempre tem em mãos quando são filmadas ou fotografadas agredindo as pessoas de religião afro? A Bíblia! E, esses cidadãos são incitados sim, por seus pastores, que fazem comumente apologia a esse tipo de crime nas Igrejas, de forma vergonhosa e criminosa. Basta ir a um culto, filmar e deixar 'cair na net'.
Eu mesma tenho uma coleção de barbaridades filmadas em cultos, de fazer Lucifer virar anjo de novo!”, diz.
Ela, que se tornou umbandista, alerta: “A intolerância religiosa tem invadido diversos artigos do Código Penal, e que vão além dos crimes contra a honra de calúnia, injúria e difamação. São diversos os casos expostos na mídia de lesão corporal com socos, pontapés, pedradas, facadas, até homicídio, depredação, incêndio. Jesus sempre foi manso, e esses atos criminosos não estão como referência na Bíblia que dizem seguir e nada tem a ver com o Deus que dizem louvar”.
A cantora afro deixa uma reflexão educativa, lembrando que “basta um mandamento, o primeiro, e que embute todos os outros: Amar ao próximo como a si mesmo.
E aí eu pergunto: O que é mais fácil? Amar o inimigo como Jesus fez ou ficar só declarando que tem religião, mas sair agredindo os outros e depois empurrar a sua sujeira para debaixo do tapete com dissimulação?”, questiona a artista afro e educadora.
Marcia de Ogum se reporta, ainda, a “inaceitável imunidade parlamentar, mediante excessos terríveis cometidos por políticos da bancada evangélicae que legislam descaradamente para as pessoas da sua religião. São eles que queimam a Constituição Federal em plenário em rituais ilícitos, moralmente ilegítimos, com atos de vandalismo (como seus seguidores imitam nas agressões), ignorando o restante da sociedade. Deveriam ser destituídos de seus cargos públicos, pois é inconstitucional!".
Quanto a sua música, ela canta em vídeos caseiros e intimistas na Internet, alguns pontos tradicionais, enquanto prepara o lançamento de um portal dedicado a religiões afro brasileiras, e vem preparando o lançamento de seu primeiro cd, mas já avisa: "Sou médium de incorporação e não prendo meus guias! Quem for assistir a uma apresentação os sentirão no palco junto comigo, as claras", finaliza.