Durante a minha adolescência e o início da minha vida adulta recebi várias vezes a mesma pergunta:

−“Você é gay?

Muitas vezes, essa pergunta veio de pessoas próximas a mim, como os meus pais, por exemplo. Contudo, eu nunca fiquei ofendido com tal pergunta, pois eu sou hetero. E eu sei disso. Não teria problema algum em assumir minha homossexualidade, se caso o fosse.

No entanto, o que me deixa desconfortável é o motivo que está por traz dessa pergunta, que aparenta ser ingênua, mas é muito perigosa. E o motivo deste perigo é justamente desconfiar que eu sou gay.

Se alguém acha que eu sou gay, é sinal que esta pessoa já tem um padrão pré-estabelecido sobre o que é ser gay. E o preconceito mora justamente nos padrões pré-estabelecidos.

A meu ver, o que leva as pessoas a perguntarem se eu sou gay é o seguinte: eu não sigo um "padrão heteronormativo”. Mas afinal, que droga é essa? Permita-me explicar, por favor.

Bem, eu não sou o "macho alfa", que se exibe pelo número de mulheres que transou na vida − ou diz que transou. Eu sou um cara sensível, que ama as palavras, e busca se expressar através delas. Eu me considero pró-feminista, e condeno atitudes machistas dos meus amigos. Eu gosto de rosa. Eu acho que a Katy Perry é D.IV.A.! Eu tenho cabelo comprido.

Eu frequento festas LGBT − que são as melhores por sinal, porque ninguém te julga por ser quem você é, assim como ninguém liga para sua roupa e o seu comportamento.

Se você está pensando: "OK, e daí? Essas coisas não te definem como gay". Parabéns, você é um ser evoluído! Mas, infelizmente, nem todo mundo é assim. As pessoas pensam que, pelo fato de eu fazer algumas coisas que elas acham que são típicas de um homossexual, eu devo ser gay.

As pessoas vivem sob estereótipos.

Mas eu não sou. Eu sou apenas um hetero que gosta de dançar Firework como se não houvesse amanhã. Um hetero que não segue um “padrão”, seja lá o que signifique para você. Um hetero que quer viver uma vida normal, sem ninguém dizendo o que eu devo fazer. Eu não nasci para seguir estereótipos. Eu nasci para quebrá-los.