Se conselho autoajuda desse resultado, não existiram suicídios por aí. Fácil seria se nascêssemos com manual de instrução, se soubéssemos para que rumo ir evitaria, ao menos, que tomássemos caminhos errados. Na realidade, somos todos sós em uma vida simplória sem sentido algum, buscando uma justifica para preencher vazios em nosso interior que não são preenchidos por palavras bonitas como responder nossas falhas, nos fazemos de vitima de tudo, chegamos ao final sem respostas. Mas por quê?

Em pleno século 21, em meio às crescentes demandas e necessidades de uma sociedade fundamentalmente capitalista, nos deparamos como uma situação um tanto quanto inusitada enfrentada pela conhecida Geração Z.

Nascidos entre 1991 e 2010 e marcados pela transição do advento da internet, os denominados nativos digitais cresceram com uma nova era de possibilidades a sua disposição em meio às liberdades e modernidades, encontrando dificuldades de autoaceitação.

Se compararmos com a Geração Y, marcada pelo desemprego e precariedade, a Geração Z passou por um período relativamente vantajoso. As dificuldades ainda existem, mas não se comparam com as do século passado. Todavia, a necessidade de ser aceito e de se adequar a uma demanda cada vez mais crescente exigida pela sociedade fez com surgisse uma população mais estressada e depressiva com o cotidiano e a tecnologia. Estamos diante da nova formação de famílias e de uma mudança de paradigmas tradicionais que estão enraizados em nós por herança de nossos pais.

Podemos dizer que é uma geração silenciosa, infeliz e depressiva, que procura se encontrar em meio ao caos das exigências e necessidade incessante de corresponder às expectativas e demandas da sociedade.

Daí surge a carência dos jovens de ser o centro das atenções de ser o mais inteligente, o mais bonito, o mais popular. É uma geração critica consigo e com os demais, criada com a ideologia de ser capaz de tudo, marcada pela disparidade e distanciamento provocados pelo uso continuo do celular.

A adolescência é uma fase de crescimento e desenvolvimento em que se encontra presente um vasto mundo de possibilidades, mas também mundo repleto de fragilidades. Os pais criam seus filhos de acordo com os seus ideais que, às vezes, vão de contra aos ideais vividos por seus filhos em outros ambientes fora o lar.

A partir daí, surge o problema da decepção e da imaturidade de lidar com ela.

Eles são superprotegidos por seus pais, não têm ideia de como cruel pode ser o mundo fora de casa. O fato da realidade das ruas contrariar a de casa leva os jovens escolherem o único caminho que acham viável para amenizar seus problemas, que pode ser o envolvimento com coisas ilícitas, como o uso de drogas, furtos, automutilações ou até mesmo o suicídio, o que é preocupante posto que parece que se tornou uma moda viral, jovens colocarem suas vidas em risco como se isso fosse brincadeira.

Os pais saem para trabalhar e, na maioria das vezes, por não ter tempo para seus filhos, os deixam entretidos com videogames, tablets; televisão e outros meios de entretenimento dessa era. Desse modo, crescem distantes dos ideais básicos da estrutura familiar, são essencialmente egocêntricos e egoístas, não cresceram com a dificuldade das coisas, pois sempre as tiveram a seu alcance, não dão o devido valor à conquista porque certamente seus pais, na intenção de proteger e dar uma vida melhor a seus filhos do que da que lhes foi dada em sua infância, faz todos seus caprichos sem ensinar-lhes o valor do trabalho duro, surgindo assim um ciclo vicioso.

É evidente a exposição de tal fato nas mídias e redes sociais, a exemplo recente de uma serie de grande repercussão ‘’Thirteen Reasons Why’’, que trata dos problemas de uma jovem que a levaram ao suicídio. Igualmente, o jogo Baleia Azul, que choca as mídias sociais, mostra o quanto vazia e carente de ajuda está a mente dessas crianças. Assim, é necessária maior atenção para com esses jovens que estão crescendo sem orientação e sem um pensamento construtivo sobre si.

Os adolescentes de hoje estão mais tecnologicamente conectados e cada vez mais distantes da realidade, passam mais tempo se comunicando com colegas através de mensagens de texto, mídias sociais e aplicativos de mensagens instantâneas do que entretendo suas mentes com algo que obviamente lhe trará algum beneficio como brincar com alguns amigos na rua, por exemplo.

As mídias sociais fazem questão de ditar o que é certo ou errado, quais os padrões não só jovens como também os adultos devem seguir e quais as consequências se fizer o oposto que lhe é determinado.

Diante da cultura hiperconectada em que se vive é necessário dar atenção às transformações que ocorrem a nosso redor. É fato que os avanços tecnológicos contribuíram fundamentalmente para o desenvolvimento e qualidade de vida, mas até que ponto deixamos tais influências fazerem parte de nossas vidas?