Na mesma semana em que o Rio de Janeiro lamentou a tragédia ocorrida com as famílias dos quatro jovens inocentes, vítimas de balas perdidas em operações policias, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disparou, sua já tradicional metralhadora verbal ao comentar estes lamentáveis acontecimentos.

O discurso proferido por Witzel, feito de forma exaltada, ocorreu nessa última sexta-feira (16) em Nova Iguaçu, no lançamento da operação Segurança Presente.

O governador surpreendeu a população no final do evento quando atacou duramente os defensores dos direitos humanos, que ele chamou de "pseudodefensores dos direitos humanos".

A escolha dos alvos do mandatário está visivelmente equivocada, como pôde ser constatado com o resultado dos disparos da metralhadora verbal do governante.

Comentando sobre as mortes dos quatro jovens, o governador além de apontar sua mira para defensores dos direitos humanos e por incrível que possa parecer, sobrou até mesmo para as crianças do Complexo da Maré que escreveram cartas pedindo o fim da violência.

Artigo 144

A fala raivosa do governante pareceu esquecer de comentar sua própria parcela de culpa nos fatos ocorridos nos últimos dias.

O ex-juiz federal parece que esqueceu o que está escrito na Constituição Brasileira, mais especificamente em seu artigo 144, que diz que a segurança pública é um dever do Estado.

Witzel pelo contrário, eximiu-se de culpa dizendo que os defensores dos direitos humanos não deixam a polícia fazer o seu trabalho, "Os cadáveres desses jovens não estão no meu colo", segundo Wilson Witzel, estão no colo dos defensores dos direitos humanos.

1.500 cartas escritas por crianças

O outro alvo das críticas do governador do Estado do Rio de Janeiro foram as 1500 cartas escritas por crianças que relataram o dia a dia de violência nas favelas.

Para ele é preciso ser averiguada a autenticidade destas cartas, ele quer saber se elas foram realmente feitas por crianças, ou se foram produzidas por traficantes.

Em sua lógica, ele diz que teve expressiva votação nas comunidades que não querem mais conviver com o tráfico.

A ONG Redes da Maré reuniu desenhos e relatos para pedir à Justiça o estabelecimento da ação pública que restringe operações policiais.

A diretora da Redes da Maré, Eliana Silva, revoltou-se com a fala do governante do Rio, ela disse se tratar de uma atitude leviana transferir a responsabilidade da violência no Rio de Janeiro para as organizações de direitos humanos.

A OAB-RJ também se manifestou sobre o tema, por meio de nota, a organização disse que irá entrar com ação pedindo a derrubada do sigilo do manual de operações de aeronaves da polícia.

#ACulpaÉDoWitzel#

Na noite se sexta-feira, houve um 'tuitaço', em que várias lideranças comunitárias mostraram seu repúdio à fala do governador.

Durante o enterro da jovem de 17 anos, Margareth Teixeira da Costa, seu pai, Rogério da Costa, apelou para que o governador reveja a estratégia de invadir as comunidades pensando em matar, disse Rogério.

Margareth foi baleada em Bangu, na noite de terça-feira, quando ia para a igreja, a adolescente estava com o filho de um ano no colo, a criança acabou ferida. Neste momento, estava acontecendo uma operação policial na comunidade 48.