A violência contra a Mulher continua crescendo no Brasil. É o que mostram os dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo traça um panorama nada favorável a respeito da violência que cresce no Brasil. Os dados são referentes a 2018, ano da eleição de Bolsonaro. O candidato usou a liberação das armas de fogo como plataforma eleitoral, chegando à presidência. Ele mesmo foi vítima de uma facada em um atentado durante a campanha.

O documento mostra um aumento de 19% das mortes por ações policiais.

A violência crescente por parte dos agentes de segurança é um fato que preocupa, principalmente as camadas mais pobres da sociedade. Elas que, geralmente, mais sofrem nessas ações e se sentem desprotegidas.

Assassinatos gerais caem 11% no período

Curiosamente, assassinatos em geral tiveram uma queda de 11% no período. A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, ressalta não haver relação entre a diminuição das mortes, no contexto geral, com o aumento daquelas ocorridas em ações policiais. Segundo ela, não podemos usar esses dado para justificar as ações truculentas dos agentes da lei.

Em 2018, as mortes em confrontos com a Polícia aumentaram. Foram 17 contra 14 mortes do ano anterior.

Em 2017 também houve um aumento considerável nesses números.

Tréguas em facções ajudam na diminuição das mortes

Especialistas indicam tréguas entre facções criminosas como um dos motivos para a queda nos índices gerais. Embora não seja o único fator relevante, é um argumento plausível. Os números caíram, em relação a 2017, quando ocorreram 64.000 assassinatos.

Um recorde quando analisados junto aos anos anteriores. Esses números jogaram o Brasil para o topo da lista dos países com mais mortes intencionais no mundo.

Inegavelmente, esses fatores ajudaram, em muito, na eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Com um discurso duro, prometendo liberação de armas e flexibilização do porte, ele parecia ser uma solução, a curto prazo, para os problemas de segurança.

A ideia era simples. Descentralizar a proteção e coibição da violência, armando a população e dando a ela o direito de se defender sozinha.

Liberar porte de armas pode não ser a solução

Notícias internacionais recentes mostram que essa liberação não pode ser tão interessante assim, já que em países onde o porte de armas é liberado, os crimes em massa vêm crescendo desordenadamente.

O estudo mostrou que a maioria das vítimas no Brasil continua sendo composta por homens negros (75%) e jovens (78%). As desigualdades econômicas e sociais aparecem como razão provável para esse aumento das mortes.

O estudo também mostra o aumento da homofobia no Brasil. Tendo a população LGBT sofrido várias agressões no período que antecedeu e logo após as eleições.

Crimes bárbaros contra, principalmente, pessoas trans, foram registrados.

Violência sexual continua liderando

A violência sexual também aumentou. Dados mostraram que uma menina de treze anos é violentada a cada quatro horas no país. Esse tipo de crime continua sendo praticado, em sua maioria, por pessoas do convívio das vítimas. Pais, padrastos, tios, irmãos e avôs são os agressores típicos nesses casos. Eles se aproveitam da proximidade para violentar e ameaçar as meninas, que se sentem pressionadas a não relatarem para ninguém.

Esses casos podem ser amenizados com ensino sobre gênero e sexualidade, já que dá as vítimas suporte para entender o que está acontecendo, além de mostrar aos potenciais agressores os limites entre certo e errado.