João Acácio Pereira da Costa foi um assaltante de residências de milionários na capital paulista nos anos 1960. Apelidado pela imprensa da época como "Bandido da Luz Vermelha", pela peculiaridade do seu modo de agir: invadia as casas utilizando uma lanterna vermelha. Extremamente frio, como comprovaram os laudos psiquiátricos depois de sua prisão, em 1967, confessou ter matado 4 pessoas em 77 assaltos, além dos abusos. Ele mesmo foi vítima da violência, tendo sido assassinado em 1998, após conseguir a liberdade. Essa história foi contada como biografia pelo jornalista Gonçalo Junior no livro "Famigerado!
- A história de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo na década de 1960" (Editora Noir).
Assaltante frio
Segundo o autor, foi um assaltante que ganhou notoriedade em São Paulo e seus crimes eram manchetes nas crônicas policiais dos jornais daquele período. "Um cara semianalfabeto (...), que espalha o terror, invade mansões, estupra 100 milionárias", detalhou Gonçalo. Em consequência do modo de agir do bandido, ainda segundo o jornalista, ficou encerrada a época do romantismo que havia na capital e todas as mansões começaram a ganhar muros altos. "Ele era desprovido de emoção, tinha um prazer sádico", avaliou Gonçalo, com base nas suas apurações.
O autor consultou mais de 23 mil documentos do processo judicial, além das reportagens publicadas em jornais e revistas ao longo de 35 anos, entre 1963 e 1968.
Gonçalo ainda entrevistou vítimas do Luz Vermelha. Um dos exemplos emocionantes é o depoimento da bióloga Ingrid Yazbek Assad, que sobreviveu mesmo levando um tiro rente ao coração, disparado por João Acácio quando este tentava abusá-la e ela reagiu. Ingrid manteve essa história em sigilo até que o jornalista conseguiu entrevistá-la após cinco anos de tentativas frustradas.
Crimes e farras
Preso em 1967, o famoso bandido foi condenado a 351 anos de prisão. As leis brasileiras permitem que o detento fique no máximo 30 anos preso. O total dos crimes cometidos por ele ainda é desconhecido, pois, na apuração do jornalista, Acácio entrou na vida do crime ainda em Joinville (SC), onde morava e viveu até os 22 anos.
Depois mudou-se para Rio de Janeiro e São Paulo.
Após cometer delitos na capital paulista, costumava descer a serra de táxi, até Santos, hospedar-se em hotéis e pensões ou num apartamento que alugou, e gastar todo o dinheiro roubado em prostíbulos e bares. Antes de ser reconhecido, ia às praias de calça e camisas compridas e botas, recebendo o apelido de "gaúcho". Um taxista, Manoel Mouro, foi adotado como seu cúmplice e levava o bandido ida e volta para as duas cidades, além de esperá-lo na rua enquanto praticava os assaltos.
Luz Vermelha foi morto logo após ter a liberdade
Quando a Polícia finalmente descobriu a verdadeira identidade do marginal, ele fugiu para Curitiba, onde ficou na casa do pai de um amigo que conheceu nas praias.
Reconhecendo o retrato falado que era constantemente divulgado nos jornais e na TV, o dono da casa o denunciou.
Acácio foi morto com um tiro na cabeça na noite de 5 de janeiro de 1998, por volta das 22h, num bar em Joinville. Foi morto por um pescador, que confessou o crime. Luz Vermelha estava livre da cadeia há 4 meses. Ele morava de favor há dois meses na casa do seu assassino. O pescador, Nelson Pinzeguer, justificou que defendia seu irmão numa briga com Acácio, devido a um suposto assédio sexual contra a mãe e a mulher do pescador cometido pelo bandido. Nelson foi absolvido por legítima defesa.