O samba no Brasil, de uma maneira geral, sempre representou uma parcela da sociedade e mazelas que nem sempre eram vistas por todos.

Carnaval e críticas sociais

Nos últimos anos, muitas das escolas de samba têm adicionado critica às suas letras, tanto que no ano passado, ao fazer críticas ferrenhas ao Governo e as questões públicas crescentes desde 2016, a escola Paraíso do Tuiuti foi uma das mais comentadas do Carnaval.

Carnaval 2020

Das 13 escolas que compõe o chamado Grupo Especial do Carnaval, ao menos dez delas acrescentaram críticas em seus sambas para este ano.

Vale lembrar que 2018 e 2019 foram marcados por uma polarização política que englobou grande parte da sociedade, e em contrapartida a este cenário, as escolas de samba neste Carnaval abordam e, em algumas situações, criticam a política brasileira.

Alguns dos versos citam as mais diversas questões sociais que permeiam o dia a dia e o noticiário brasileiro, indo desde "messias de arma na mão" e o pedido por respeito ao axé, além do Carnaval 2020 tratar de Bangu, com "marajá em Bangu", e também com "Rio pede socorro".

Os samba-enredo do Carnaval

Dentre as escolas que têm feito críticas diversas está a Mangueira, que a cada ano trata de uma temática social diferente. No ano passado, por exemplo, a escola conquistou o título ao enaltecer os verdadeiros heróis nacionais, esquecidos por vezes na história do país, de acordo com o samba enredo da escola.

Neste ano, a tradicional escola irá inovar mais uma vez ao narrar a história de Jesus Cristo, porém, de um que está dentro de diversas minorias do Brasil. Este "novo" Cristo é negro e favelado, e em seu dia a dia sofre com a intolerância e o preconceito.

Já a também tradicional São Clemente tem como base de seu samba enredo "O conto do vigário", mesclando ironia com brincadeiras ao narrar as vigarices tão comuns que permeiam a história do brasileiro comum e do país há alguns séculos.

Já a escola Paraíso do Tuiuti, que no ano passado deu o que falar, neste Carnaval irá mesclar as história do rei de Portugal, Dom Sebastião, e com o santo padroeiro do Rio de Janeiro, São Sebastião, fazendo um paralelo entre as duas histórias. O enredo ainda ressalta as dificuldades pelas quais a população carioca, principalmente a humilde, passa diariamente.

Com a questão ambiental cada vez mais em alta no mundo todo, a Estácio irá contar com o enredo intitulado de "Pedra", que trata da cobiça humana que faz com que os homens destruam a natureza e diversos recursos naturais em troca de poder e de dinheiro.

A Grande Rio trata do famoso e polêmico pai de santo Joãozinho da Gomeia, que em meio a seu enredo também ressalta o preconceito e a intolerância contra algumas religiões, em especial as de matriz africana. Acima de tudo, a escola tem como principal pedido o respeito.

Já a União da Ilha irá tratar da vida dos moradores das comunidades, e tudo o que passam diariamente. A tradicional Unidos da Tijuca irá retratar as belezas naturais e também as construções humanas que fizeram com que o Rio se tornasse a Cidade Maravilhosa que virou um dos cartões postais do Brasil, porém, não se esquecendo de todas as polêmicas que o governo público está envolvido, o enredo pede um pouco mais de zelo pelo povo e pelo Rio de Janeiro.

A Mocidade Independente de Padre Miguel decidiu homenagear Elza Soares, porém, ao longo do enredo a escola não lançou mão da oportunidade de fazer críticas sociais.