Sem uma campanha de divulgação, a Netflix estreou mais uma série brasileira de ficção científica.

"Onisciente" é uma produção do mesmo criador de "3%", Pedro Aguilera. "3%" é uma produção de imenso sucesso internacional e talvez tenha sido isto que levou a Netflix a apostar em um novo produto do gênero.

Porém, a nova obra de Aguilera promete muito e acaba entregando um resultado pouco satisfatório.

Distopia

A trama é ambientada em um futuro próximo - não há um tempo definido - em que todos os cidadãos vivem 24 horas por dia acompanhados de um drone, do tamanho de um inseto, que os vigiam em tempo integral.

Desta maneira, o nível de criminalidade caiu quase que totalmente, pois como todos estão sendo monitorados em todos os momentos de suas vidas, é virtualmente impossível se livrar de um crime.

Neste sistema, além dos crimes que constam do código penal, até mesmo crianças que pregam peças na escola ou algo do tipo, são registrados no sistema como infratores e carregam este estigma para o resto de suas vidas.

O sistema judiciário tem somente a função de informar e fazer cumprir a pena daqueles que infringirem a lei, o cidadão não tem direito ao contraditório, pois como se dia na produção "o sistema não falha".

Este sistema é uma invenção da empresa "Onisciente" que tem contrato com várias cidades, existem cidades que não aceitaram viver desta maneira, e também existe uma espécie de "zona neutra", uma área em que este sistema não atua.

Muitas pessoas quando querem se ver livre da eterna vigilância destas pequenas máquinas, vão para esta região, que na série é representada como se fosse a parte mais carente de uma grande metrópole.

É neste mundo que conhecemos a história de Nina (Carla Salle) que irá fazer de tudo para investigar o assassinato de seu pai, que a filmagem de quem o assassinou, não foi liberada pela Onisciente, e a prefeitura da cidade se recusa a aceitar que houve um erro no sistema.

Ao tomar conhecimento do que se trata a série, certamente muitos irão lembrar do livro "1984" de George Orwell, e também de algum filme que retrata uma sociedade distópica, como por exemplo "Minority Report", e também da série "Black Mirror", também da Netflix.

Não teria problema a série partir de um ponto que já foi explorado diversas vezes em filmes, séries e livros, o problema é como "Onisciente" conduz sua narrativa.

"Onisciente" possui apenas seis episódios de sua primeira temporada, mas mesmo assim não é encontrado um ritmo ágil na obra, a trama chega até mesmo a se tornar enfadonha quando se aproxima de seu desfecho.

Ao que parece, os realizadores quiseram dar um tom a la "Black Mirror" à produção, pois é visto na tela personagens, de certa maneira, desumanizados, entediados com esta sociedade "perfeita" em que vivem. A obra de Pedro Aguilera tem algumas subtramas que abordam de maneira rasa este tema.

Outro ponto negativo da obra são seus cenários, que ao querer representar um ambiente futurista, falha ao mostrar ambientes quase sempre vazios, que lembram mais uma cidade fantasma do que uma grande metrópole como São Paulo.