As manifestações ocorridas no domingo (15) para apoiar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), demonstraram que Bolsonaro deu um passo rumo ao isolamento político. Esta é a avaliação de analistas políticos consultados pelo portal UOL.

Irresponsável

Aliado às manifestações apoiadas por Bolsonaro, pesou também contra o presidente o fato do líder do Poder Executivo ter ignorado as recomendações de prevenção contra a pandemia do novo coronavírus, que já causou a morte de mais de 5.700 pessoas em todo o mundo. Isto foi entendido como um ato de irresponsabilidade do presidente.

As manifestações ocorridas por todo o domingo tiveram como principais alvos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Também sobrou para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Para Mauricio Fronzaglia, doutor em Ciência Política e professor da Universidade Mackenzie, Bolsonaro ainda não se encontra isolado, porém está em processo de isolamento, pois o líder do Executivo estaria tornando difícil o diálogo com os outros Poderes. Frongila ainda disse ser preocupante que o presidente da República apoie manifestações contra o Legislativo e o Judiciário.

Submissão

O professor de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo) Glauco Peres vai por caminho semelhante quando diz que Jair Bolsonaro não consegue dialogar e compreender o papel dos outros Poderes da República.

Peres afirma ainda que Bolsonaro tenta submeter os outros poderes às suas vontades.

Para Vera Chaia, professora de Ciência Política da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, o presidente equivocadamente transmite a impressão de que o poder Legislativo o impede de trabalhar. Porém, afirma Chaia, Bolsonaro possui toda a liberdade para trabalhar, mas como não tem uma liderança efetiva, então seu Governo se torna “confuso, contraditório, ambíguo”.

Não tem preço

Antes de a pandemia do novo coronavírus tomar proporções alarmantes, o próprio presidente Jair Bolsonaro endossou os protestos de domingo. Ontem o líder do Poder Executivo afirmou que foi por vontade própria que a população foi aos protestos e afirmou que isto não tinha preço.

Os especialistas consultados pelo UOL são unânimes em afirmar que a manifestação foi uma procura por apoio.

A doutora em Ciência Política e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo Lilian Furquim afirmou que Bolsonaro não se sente mais tão forte quanto no início de seu governo.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também criticou a atitude de Bolsonaro. Para Maia, o presidente desautoriza o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quando rompe o isolamento proposto pelo ministro e aperta a mão de apoiadores na entrada do Palácio do Planalto.