Estreou neste final de semana na Netflix, o filme baseado em eventos reais “Lost Girls – Os Crimes de Long Island” (Lost Girls). O filme é baseado no livro “Lost Girls: An Unsolved American Mystery” de Robert Kolker. A trama conta a história real de Mari Gilbert (Amy Ryan) que está determinada a descobrir o que realmente aconteceu com sua filha mais velha, Shannan (Sarah Wisser), uma garota de programa que desapareceu e a polícia não demonstra muito interesse em desvendar o caso. O desaparecimento da jovem de 24 anos ocorreu em 2010 em Long Island, Estados Unidos, após ter visitado um cliente.

Depois que a polícia demonstra todo o seu descaso com a situação, Mari inicia sua própria investigação, o que vai de encontro com os interesses do comissário Richard Dormer (Gabriel Byrne). Dormer está prestes a se aposentar e sua competência já vinha sendo questionada antes deste caso, então a presença da imprensa não era bem vinda para o policial. A situação se agrava quando mais outros corpos de mulheres são achados perto do condomínio em que Shannan fora avistada pela última vez, porém, nenhum destes corpos era o dela.

Liz Garbus

Garbus é uma cineasta renomada, que tem no currículo documentários de sucesso como: “What Happened, Miss Simone?”, que acompanha a trajetória da icônica cantora de jazz e ativista Nina Simone.

O status da diretora dentro da Academia é explicado por suas diversas obras, ela já foi indicada duas vezes ao Oscar na categoria Melhor Documentário.

Sua estreia na direção de um longa-metragem não documental ficou aquém do que poderia se esperar do talento da diretora. A história que Garbus tinha em mãos já era cativante o suficiente para que a cineasta tornasse o relato desta tragédia uma produção interessante.

Há muito a ser explorado na história de Shannan e o filme até mostra os pontos mais impactantes desta história real, o problema é a superficialidade com que os temas são abordados.

O trabalho de Shannan como garota de programa causava repugnância nos policiais que estavam investigando o caso, o que só fazia aumentar a tristeza da mãe da jovem.

O trabalho do comissário Dormer aumenta com a entrada em cena das famílias das outras jovens que estavam desaparecidas desde 2007, a pressão para que ele prenda os responsáveis pelos assassinatos eleva a tensão para o espectador, mas essa expectativa é frustrada, pois a diretora não sustenta toda a tensão do roteiro de Michael Werwie.

Amy Ryan

Ryan é uma atriz que transita com desenvoltura tanto no drama quanto na comédia, ela é o fio condutor da trama. Ryan até tem momentos de destaque em suas cenas de dor e raiva. Porém, nem a protagonista foge da superficialidade que com que a personagem é tratada no filme.

Há momentos em que são mostrados momentos contraditórios da personagem, que suas atitudes como mãe são questionadas, mas novamente, estes temas paralelos são tão mal explorados que pode dar a impressão que a diretora não quis se aprofundar nestes temas para não diminuir a empatia do público com a personagem.

Gabriel Byrne

Ator de muitos recursos, Gabriel Byrne não rendeu tudo o que podia no novo drama da Netflix, seu comissário Dormer é um policial que está quase se aposentando e não é uma unanimidade na força policial. Sua apatia é vista várias vezes em cena.

Provavelmente quem for assistir a “Lost Girls – Os Crimes de Long Island”, mesmo que não se empolgar com a produção que apresenta vários problemas, irá chegar até o fim para saber o que realmente aconteceu com Shannan. O filme torna-se realmente interessante em seu final, quando mostra cenas reais dos personagens visto no longa, e a tragédia que se seguiu com a família Gilbert depois dos acontecimentos narrados pelo filme de Liz Garbus.