A ala ideológica do Governo federal tem um novo alvo, após o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, tomar as rédeas na crise do coronavírus e ser o principal articulador para a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A grande projeção do general anda incomodando vários ministros que têm ligação com o escritor Olavo de Carvalho, também chamado de “gabinete do ódio”, como é conhecido esse grupo que tem ligação com um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro (PSC), que também é vereador pelo município do Rio de Janeiro.
O ministro passa a ser o alvo de vários ataques coordenados por perfis de apoiadores de Bolsonaro nas mídias sociais, parecido com o que vinha sido feito com o ministro Mandetta. O titular da pasta da Saúde, mesmo dizendo que vai ficar no governo, continua sendo ameaçado por não aceitar as pressões do Bolsonaro para relaxar as medidas da quarentena, que foram recomendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para haver uma diminuição de contágio.
O general Braga Netto ficou em evidência graças ao seu comando na intervenção da Segurança Pública no Rio de Janeiro, no ano de 2018. Foi chamado para assumir o cargo na Casa Civil com a missão de ser o gerente do governo, assim, ficou encarregado de fazer a coordenação das ações de todos os ministérios.
Esse convite foi feito logo depois de um acordo entre ministros, incluindo, da ala militar.
A ala militar do governo, internamente, vem tratando Walter Braga Netto como uma espécie de chefe do Estado-Maior do palácio do planalto e também, como um “presidente operacional” do país. Ficou encarregado de cuidar da agenda do dia a dia do governo e em um momento muito grave do governo diante dessa crise da Covid-19.
Braga Netto é considerado um novo individuo do governo que ofusca a imagem do presidente, logo após esse mesmo papel ter sido feito pelo ministro da saúde, Mandetta, e também, pelo ministro da justiça e Segurança Públicos, Sergio Moro. Quando inaugurou o novo formato de entrevistas diárias, no dia 30 de março, sobre as ações a serem tomadas pelo governo federal contra o coronavírus, Braga Netto mostrou para que veio ao dizer que não existe a ideia do desligamento do ministro Mandetta.
A ala mais ideológica do governo Bolsonaro – ou “gabinete do ódio” – não aceita o poder que foi concedido à ala militar na equipe governamental, e assi, os ataques a Braga Netto nas mídias sociais são indícios dessa oposição. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nessa terça-feira (7), ele disse não ficar incomodado com essas agressões e que está trabalhando normalmente.
Mourão defende Braga Netto
O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), vem sendo criticado pelo vereador Carlos Bolsonaro no Twitter, fez uma devesa ao ministro-chefe da Casa Civil. Ele chegou a negar que Braga Netto tenha intimado Bolsonaro ao convencer a não demitir o ministro da Saúde.
Segundo Mourão, Braga Netto não está intimando ninguém, mas esta fazendo o verdadeiro governo.
Está colocando a Casa Civil como o centro do governo. Disse ainda, que Braga Netto esta fazendo o que eles (militares) sabem fazer, “colocar ordem na casa”, está coordenando as várias ações ministeriais.