O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), anunciou na terça-feira (14) que abriu um processo contra duas lives do cantor sertanejo Gusttavo Lima. Elas foram exibidas no dia 28 de março e 11 de abril, e contaram com o patrocínio da Bohemia, marca de cerveja da Ambev. De acordo com o órgão, dezenas de consumidores fizeram denúncias de que o cantor descumpriu regras da ética publicitária.

Além do frequente consumo de bebida alcoólicas, Gusttavo Lima chegou a quebrar o celular dele e confundiu uma garrafa de cerveja com um microfone na primeira live.

As transmissões também não possuíam mecanismo para dificultar o acesso de menores de idade ao conteúdo que estava sendo mostrado.

As defesas

A Ambev reconheceu o erro e disse que envia para os artistas que fazem live um manual com instruções a serem seguidas para que sejam cumpridas as regras do Conar. De acordo com o UOL, a empresa confessou que "em algumas lives, de forma totalmente espontânea, algumas orientações não foram seguidas", e garante que vai reforçar as regras.

Já a assessoria de Gusttavo Lima inicialmente disse que não iria se manifestar. Porém, o cantor se incomodou com a situação e veio a público comentar o caso nesta quinta-feira (16). Gusttavo Lima disse que não vai mais fazer lives "para ser censurado" e que "live politicamente correta não tem graça".

Automaticamente, uma enxurrada de fãs inundou as redes sociais em defesa do cantor e contra a atitude do Conar em abrir o processo. Porém, apesar do emocional de milhões de pessoas, o mercado publicitário precisa se guiar pela razão. Apesar de muita gente gostar da live, alegando que o "clima foi bem pra cima" e tudo o mais, o Conar precisa fazer o seu trabalho.

O cantor está sendo injustiçado?

Muitas pessoas argumentam que Gusttavo Lima estava na casa dele e por isso não fez nada de errado. Mas, mesmo estando em casa, a atitude do cantor:

1) Não foi exposta apenas para amigos. Foi uma transmissão em que milhões de brasileiros viram, inclusive jovens, graças a não utilização do mecanismo de filtragem de idade.

2) Foi uma live patrocinada por marca de cerveja, ou seja, é competência do Conar analisar se essa marca não usou o momento para descumprir regras do órgão na hora de anunciar o produto. Para ter noção, nem os próprios comerciais de cerveja e outras bebidas alcoólicas podem mostrar pessoas bebendo o líquido. No BBB, por exemplo, que exibe festas onde as pessoas bebem, nenhuma marca de cerveja aparece ou pode aparecer.

3) Personalidades da mídia têm um grande fator de influência, e isso pode influenciar jovens a consumirem desenfreadamente uma substância que, apesar de ser legalizada, não deixa de ser uma droga.

Sobre Gusttavo Lima falar em "censura" e anunciar o encerramento das lives:

1) Se a atitude dele em fazer as lives tem fazer o bem como ponto central, com a arrecadação de doações, ele pode seguir com as transmissões ao vivo.

Por que não seguir com as lives só cantando as músicas dele e interagindo com o público, sem ingerir bebida alcoólica? Quer dizer que ele prefere deixar de arrecadar dinheiro para ajudar o próximo do que parar de beber em uma apresentação?

2) O Conar sequer proibiu Gusttavo Lima de fazer novas lives. A única coisa que o "Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária" fez foi abrir o processo. Essa reação desproporcional que o artista está tendo antes mesmo de um julgamento é desnecessária e estranha. Provavelmente ele sabe que descumpriu normas. Senão, basta enviar a defesa ao órgão.

3) Não só Gusttavo Lima deve ser julgado. Se em outras lives houve consumo de bebidas alcoólicas com patrocínio da fabricante da bebida, eles também precisam ser processados e julgados.

Faz parte do Código de Ética Publicitária. Pode parecer bobagem para muita gente, mas envolve muita coisa.