A jornalista Luiza Sahd, colunista do site Universa, do UOL, debateu em artigo o machismo que estaria escondido na exposição dos áudios da cantora Anitta. Como exemplo ela pede para que os leitores reflitam sobre a seguinte afirmação hipotética: que um homem teve relações sexuais com seis mulheres da mesma empresa, e que se invertesse a situação, que fosse uma Mulher que houvesse se relacionado com seis homens da mesma empresa. E que estas duas situações fossem expostas no Twitter.

Agora o leitor é convidado a refletir qual teria sido o efeito que estas duas possibilidades teriam sobre a reputação de quem teria “passado o rodo” em seus respectivos locais de trabalho.

Levando em consideração que no primeiro exemplo estava se falando de um homem, e no segundo caso, uma mulher.

Slut-shaming

A jornalista analisa que em um mundo ideal, este tipo de notícia não deveria ter nenhum tipo de relevância tanto para o homem quanto para a mulher. Porém, no caso das mulheres, tem-se o objetivo de culpar, desmoralizar a mulher. Sahd explica que este tipo de situação tem até um nome: slut-shaming, ou seja, é uma forma de julgar as pessoas, em especial as mulheres que não se comportam de acordo com as expectativas mais tradicionais de comportamento sexual. Esta e outras “acusações” foram feitas à Anitta.

Como tudo começou

Toda esta situação teve início cm um desentendimento entre Anitta e o jornalista Leo Dias.

No dia 19 de maio, Dias publicou nota que dizia que a mãe da cantora, Miriam Macedo, teria saído da casa em quem morava com a filha, na Barra da Tijuca, para retornar a viver no subúrbio da cidade.

A razão para esta mudança teria sido que a mãe da cantora não teria concordado com a “vida louca da filha”, que entre outras coisas, seria uma alusão à quantidade de parceiros sexuais e às festas que Anitta promove em sua casa, afirmou o colunista.

Anitta não gostou da publicação de Dias e foi aos Stories falar sobre a mudança da mãe, em oposição ao que foi declarado por Leo Dias. A própria Miriam foi às redes sociais e esclareceu que realmente foi à Honório Gurgel, o bairro do subúrbio carioca em que mora sua irmã, e que nem Anitta sabia disto.

Ela também declarou que estava no apartamento da Barra da Tijuca, mas que não estava brigada com a filha, foi aí que Leo Dias se revoltou e foi às redes sociais criticar Anitta e fez grave acusação à cantora, o que causou revolta na funkeira que decidiu se pronunciar publicamente e declarar que estaria há anos sendo chantageada e ameaçada pelo jornalista.

Misoginia

Leo Dias então em retaliação resolveu vazar informações íntimas sobre Anitta e sua carreira, com a intenção de desmoralizá-la, em uma estratégia que passa quase que invariavelmente pela misoginia. A jornalista do UOL então em seu texto explana as ideias que ressaltam o machismo nos vazamentos envolvendo a artista e que provam que até mesmo as mulheres que já alcançaram o sucesso em suas carreiras não escapam disso.

Leo Dias disse que no início de sua carreira artística Anitta teria tido relações com seis a oito homens --todos trabalhavam na mesma emissora de rádio-- com a intenção de alavancar sua carreira. Segundo a colunista do UOL, independentemente se esta informação for verdadeira ou não, atribuir o talento de Anitta, que é a cantora mais ouvida fora do Brasil, segundo o Spotify, e a mais influente no Instagram, com 47,1 milhões de seguidores, a alguns parceiros sexuais seria como transferir para os homens o sucesso que ela atingiu em sua carreira.