Com uma imagem já desgastada devido aos cotidianos atritos com os “superministros” e governadores, Bolsonaro é mais uma vez alvo de críticas. De conselhos que vão de encontro às recomendações da OMS e atitudes avessas às recomendadas ao combate à pandemia, o presidente suscitou revolta ao responder a uma jornalista.

Nesta terça-feira 28, o Brasil chegou ao seu recorde de mortes por covid-19 em apenas 24 horas: 474. Pouco mais de dois meses depois do início das contaminações pelo novo coronavírus no país, o que se vê é uma população financeiramente castigada, sem informações concretas acerca da doença e famílias chorando seus mortos.

Devido à falta de informação, muitos não seguem o isolamento ou flexibilizam a quarentena por si próprios. Reina a curiosidade sobre o que fazer ou não, e a nação é ávida por informações.

'E daí?', responde Bolsonaro sobre mortes

Quando perguntado sobre as mais de 5 mil mortes no Brasil, apenas pelo novo coronavírus, Bolsonaro interrompe e rebate dizendo: “Mas... e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre”.

A declaração chocou aqueles que lidam diretamente com o problema. Afinal, é um assunto que literalmente ataca 100% da população, que encontra ainda o agravante de fragilizar um dos setores mais precários da sociedade brasileira: a saúde.

Repercussão da fala

Deputados e senadores se manifestaram em redes sociais sobre as falas do presidente, alegando que a conduta deste denota desprezo aos compatriotas e um desdém a um assunto objeto de preocupação de um planeta inteiro; ocupando-se, por outro lado, com assuntos de nomeação e temas operacionais da Polícia Federal.

Seu gerenciamento e sua conduta no governo foram duramente questionados.

Profissionais e entidades de saúde também revelaram perplexidade frente à aceitação do presidente da nação, de um mal que eles enfrentam com sacrifício ao contato da família e preservação da própria saúde (já que não fazem quarentena), como natural. Cobram uma postura mais respeitosa e séria.

O Ministério da Saúde é reticente nas declarações. Nelson Teich disse possuir pouca informação relevante a respeito do vírus, mas explicou em audiência pública pela internet as ações adotadas para enfrentamento da situação.

O Brasil já superou a China, epicentro da pandemia, em relação ao número de mortes. Bolsonaro, na quarta-feira, em café da manhã com deputados que o apoiam, voltou a criticar o isolamento social e atacar a imprensa sob a alegação de distorcer suas palavras, reproduzidas e transcritas na íntegra.

Não é a primeira vez que o presidente faz uma declaração bombástica sobre as mortes por covid-19. No dia 20 de abril, quando questionado sobre o número crescente de mortes, Jair Messias Bolsonaro já havia se pronunciado de modo semelhante quando disse “não sou coveiro”.