Estreou na Netflix, na última sexta-feira (21), a produção mexicana “Fogo Sombrio” (Fuego Negro). O filme de 1h21min é dirigido e roteirizado por Bernardo Arellano. O elenco conta com os atores Tenoch Huerta, Eréndira Ibarra, Dale Carley, Ariane Pellicer, Johana Blendi, Daí Liparoti, Mauricio Aspe e Nick Zedd.

A trama

Franco é um homem misterioso que está em busca de sua irmã mais nova que desapareceu. Ele se hospeda em um hotel e acaba se envolvendo com figuras estranhas e conhece uma misteriosa e sedutora garçonete. Ao longo da trama o espectador irá descobrir que o protagonista é um criminoso que abandonou uma gangue e irá acertar contas com seu passado.

O filme é um remake do longa-metragem de 2012 “La Noche de Franco” (A Noite de Franco, em tradução livre), em que o Franco do título é o protagonista da história, que nas duas versões foi interpretado por Tenoch Huerta, que pôde ser visto na série da Netflix “Narcos: Mexico”, Bernardo Arellano também foi o diretor da trama de 2012.

Embora as tramas das duas versões sejam bem similares, no filme de 2020 foram acrescentados elementos fantásticos que não constavam na primeira versão. Se o cineasta tem um carinho especial pelo personagem Franco, a ponto de recontar sua trajetória, esta volta ao universo do personagem não acrescentou em nada à produção original.

Em sua abertura “Fogo Sombrio” mostra imagens aéreas de uma cidade à noite que faz lembrar o clássico “Blade Runner: O Caçador de Andróides” (1982), pelo clima noir e não pela ficção científica.

Ainda nesta sequência de abertura, a produção mostra uma trilha sonora que poderia estar no filme protagonizado por Harrison Ford. As citações ao filme de Ridley Scott ainda podem ser encontradas na personagem de Eréndira Ibarra, que usa um penteado parecido com o que foi usado pela atriz Sean Young no filme clássico da década de 1980.

Outra obra de ficção científica que pode ter influenciado “Fogo Sombrio” é a saga Matrix, isto pode ser visto no modo de se vestir do protagonista que passa quase todo o filme usando roupas pretas e um sobretudo, o que destoa totalmente de todos que estão em sua volta.

O cineasta Bernardo Arellano faz o filme parecer mais um estudo de linguagem ao inserir à trama uma estética que explora o uso de várias cores, não fica de fora até mesmo o clichê de usar cores amareladas para filmes feitos no México.

Quando o espectador se acostuma com a trama, e já está conformado que não virá nada de bom do longa-metragem, a situação ainda consegue ficar pior, pois o filme muda totalmente de direção e vai para o caminho do terror, e as surpresas não param, também são mostradas coreografias de lutas péssimas.

Bernardo Arellano parece achar que basta fazer várias referências a filmes clássicos, mesclar vários gêneros, usar de vários recursos técnicos para fazer um bom filme, o cineasta ao optar por valorizar a estética em detrimento do roteiro só conseguiu entregar um filme constrangedor.