O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última terça-feira (10) insinuou que poderia fazer uso da força caso Joe Biden, o presidente eleito dos Estados Unidos, imponha eventuais sanções econômicas ao Brasil. O democrata norte-americano já declarou que é temerária a forma como o Governo brasileiro tem lidado com a questão ambiental.

Em sua fala, Bolsonaro afirmou que o Brasil é extremamente rico e que há pouco tempo o país assistiu a "um grande candidato à chefia de Estado" –referindo-se a Joe Biden, que já foi eleito– dizer que se ele, Bolsonaro, não exterminar o fogo na Amazônia, irá impor barreiras comerciais contra o Brasil.

O líder do Executivo federal continuou sua fala perguntando de maneira retórica como o país poderia fazer frente a esta situação. Neste momento, o presidente se dirige ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e afirma que quando acabar a saliva, é preciso ter pólvora, pois se não for dessa maneira, não funciona.

“Porque quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas precisa saber que tem”, finalizou. A frase com tom belicoso foi dita em um evento ocorrido em Brasília que tinha a intenção de fomentar o turismo do país.

Amazônia

A fala de Bolsonaro foi uma resposta ao presidente eleito Joe Biden, que declarou seus planos em relação à preservação da floresta amazônica.

Biden citou duas vezes a floresta amazônica durante sua campanha eleitoral. Ele falou sobre as queimadas ocorridas na região e em um outro momento falou sobre as eventuais sanções econômicas ao Brasil.

O norte-americano é notório crítico dos constantes recordes de queimadas e áreas devastadas no Brasil.

No fim de setembro, em um debate com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o democrata disse para o país da América do Sul parar de destruir a floresta amazônica e que, se isso não acontecesse, o Brasil iria enfrentar duras consequências econômicas.

Em resposta, o presidente do Brasil rebateu o então candidato a presidência dos EUA dizendo que a fala de Biden foi um desastre.

O presidente brasileiro –apoiador confesso de Donald Trump– até o momento ainda não parabenizou Biden pela vitória, em um movimento contrário ao que tem feito a maioria dos chefes de Estado no mundo inteiro.

Fundo bilionário

A política ambiental de Biden não se trata apenas de impor sanções econômicas Brasil caso Bolsonaro não melhore a gestão do meio-ambiente.

O presidente eleito em sua campanha falou sobre a criação de um fundo no valor de US$ 20 bilhões em parceria com outros países para garantir a proteção da floresta.

Se os Estados Unidos realmente colocarem em prática sanções contra o Brasil, esta não será a primeira vez que Bolsonaro tomou prejuízo por causa de sua política ambiental.

Em 2019, o país já sofreu com este tipo de situação quando Alemanha e Noruega, entre outros países, bloquearam recursos que seriam destinados ao Fundo Amazônia, o programa que é gerido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico).