Faz tempo que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB), não falam a mesma língua.
O morador do Palácio da Alvorada já declarou que cogita a possibilidade de escolher outro vice-presidente quando concorrer à reeleição em 2022.
Conversas de bastidores dão conta de que o amigo de Fabrício Queiroz não está nada contente com as falas do general reformado do Exército, Hamilton Mourão.
O vice-presidente por sua vez continua mantendo o tom solene que o cargo exige, coisa que Jair Bolsonaro parece que nunca entendeu.
Mesmo quando Mourão dá declarações que contrariam as opiniões do chefe do Executivo, ele o faz de maneira sóbria.
O vice de Bolsonaro tem enfrentado diversas batalhas no Governo. Mourão conseguiu sobreviver aos ataques do filho 02 de Bolsonaro, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Provavelmente ele venceu a batalha com o vereador carioca porque Bolsonaro não pode demitir seu vice.
Mourão também já foi alvo de críticas do guru ideológico do governo federal, o escritor e autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho.
Presidente Mourão
O general está longe de ser considerado um "vice decorativo", como diria outro vice famoso, Michel Temer. Aliás, assim como Temer, há rumores, negados por Mourão, que o atual vice também tem o desejo de chegar à presidência da República.
Mourão preside o Conselho da Amazônia, uma espécie de "puxadinho" do ministério do Meio-Ambiente, visto que o titular da pasta mostrou-se uma verdadeira decepção no comando da área ambiental, estando mais preocupado em ofender militares do próprio governo e causar nas redes sociais do que se preocupar com o desmatamento, isto com a bênção de Jair Bolsonaro ao que parece.
Bolsonaro teve mais motivos para se irritar com seu vice. Recentemente, o outrora aliado de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro se referiu a Mourão como um nome moderado, de centro, que pode ser uma alternativa para 2022.
O ex-juiz da Operação Lava-Jato se reuniu com o apresentador Luciano Huck para pensar em uma espécie de frente ampla de "centro" para 2022, e o nome de Mourão surgiu na conversa, o general foi rápido no gatilho e tratou de desconversar e afirmou que seus planos são o de atuar como vice-presidente de Bolsonaro.
Tradutor
Mourão também atua como uma espécie de tradutor de Jair Bolsonaro, é comum ver o general reformado tentando apagar os princípios de incêndio que são produzidos pelas falas polêmicas do presidente.
Por essa razão, é compreensível que muitas pessoas acabem achando que Hamilton Mourão seria a antítese de Jair Bolsonaro, quando na verdade os dois são apenas dois lados da mesma moeda.
Foi o próprio vice-presidente que relembrou isto às pessoas quando se pronunciou sobre o assassinato de João Alberto Freitas, um homem negro que foi assassinado dentro de uma das unidades do supermercado Carrefour.
Na sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, o vice-presidente declarou que "não existe" racismo no Brasil.
Jair Bolsonaro fez declaração semelhante no sábado (21). Em reunião com os líderes do G20, Jair Bolsonaro pediu licença para falar de um assunto que não estava na pauta.
O mandatário ao comentar as recentes manifestações que estão ocorrendo por causa do assassinato brutal de João Alberto declarou que estão querendo impor à nação conflitos que não pertencem à história do Brasil.