Ainda que o novo drama da Netflix "A Voz Suprema do Blues" tenha se passado em um Estados Unidos dividido por questões raciais da década de 1920 e tenha sido escrito quase quatro décadas atrás, ele dialoga com os tempos atuais.

A atriz Viola Davis interpreta a cantora de blues Ma Rainey e o recentemente falecido ator Chadwick Boseman dá vida a um trompetista de gênio forte.

O longa-metragem chega à plataforma de streaming na sexta-feira (18) em um momento em que os Estados Unidos e a indústria do Cinema de Hollywood enfrentam o racismo sistêmico.

Viola Davis afirma que a razão do filme impactar tão fortemente as pessoas é que "o racismo não foi destruído.

Ele só evoluiu", lamentou Davis.

Em 2017 a atriz ganhou um Oscar na categoria "Melhor Atriz Coadjuvante" pelo filme: "Um Limite Entre Nós" (Fences).

Muitos acreditam que a artista tem uma indicação garantida para o próximo ano na maior premiação do cinema mundial.

Viola declarou que viu em Ma uma mulher liberada, mas isto não significa que ela era uma mulher de seu tempo, pois ela tinha plena consciência de seu valor.

O filme foi adaptado da peça de August Wilson, as filmagens ocorreram em julho do ano passado, um ano antes dos protestos ocorridos nas ruas dos Estados Unidos motivados pelos assassinatos pela polícia de cidadãos negros.

George C. Wolfe, o diretor do longa-metragem afirmou que o filme é uma conversa sobre como seria possível as pessoas terem um futuro se não forem acertadas as contas com os pecados do passado.

Os acontecimentos de "A Voz Suprema do Blues" acontecem em um dia quente na Chicago de 1927. Em uma tensa sessão de gravação.

A cantora com ares de diva trava uma batalha de egos com sua banda e seu empresário branco por questões financeiras e pelo controle de sua música.

Chadwick Boseman

O cineasta George C. Wolfe falou sobre a atuação de Boseman no longa.

O diretor afirmou que o ator teve uma atuação "lendária".

Boseman ganhou fama mundial ao dar vida ao super-herói da Marvel Pantera Negra. Chadwick morreu precocemente com apenas 43 anos, depois de esconder que estava travando uma batalha de quatro anos contra um câncer de cólon.

O astro já falecido interpreta o trompetista Levee, que tem um conflito com a protagonista Ma Rainey (Davis).

Em um dos momentos mais marcantes do filme, o personagem critica Deus por, em sua Opinião, ter dado as costas para os negros.

O discurso recebeu críticas entusiasmadas dos atores que estavam em cena, como por exemplo, Michael Potts, que interpretou um dos músicos na trama.

Em sua crítica sobre o filme, o jornal Washington Post afirmou que o discurso pode ter apresentado um "tráfico duplo sentido", visto que Boseman faleceu.