O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por diversas viu suas publicações nas redes sociais receberem avisos de que se tratavam de informações inverídicas - até que ele foi banido em definitivo de diversas plataformas digitais. O chefe do Executivo do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), admirador confesso do mandatário norte-americano, também arrumou mais uma maneira de emular Trump em poucos dias de maneira nada honrosa.
Aproximadamente às 20h da sexta-feira (15), o Twitter [VIDEO] colocou uma marcação em uma postagem do presidente Jair Bolsonaro em que o mandatário mencionava a existência de um “tratamento precoce” contra a Covid-19, tratamento este que não possui nenhuma comprovação científica.
A marcação do Twitter alertava os usuários que a mensagem vai contra as regras da plataforma sobre a divulgação de informações falsas. Este tipo de procedimento apesar de restringir a circulação do post, ainda permite que a mensagem fique no ar. As informações são do portal G1.
Fake news
Jair Messias Bolsonaro fez a postagem às 15h36 da sexta-feira (15). O ocupante do Palácio da Alvorada afirmou que existem estudos clínicos que demonstram que o tratamento precoce contra a covid-19 se realizado com medicamentos antimaláricos, tem o potencial de reduzir a progressão da doença, além de prevenir a hospitalização e ainda “estariam associados à redução da mortalidade”. Diferentemente do que afirmou Bolsonaro, pesquisadores de várias universidades em diversos países comprovaram que não existe prevenção e/ou tratamento com o uso de medicamentos.
No final da tarde da mesma sexta-feira em que Jair Bolsonaro fez o tuíte mentiroso, o portal G1 questionou a rede social se a publicação do mandatário violava as regras do Twitter e se seria tomada alguma medida no caso. Horas depois da publicação, o Twitter colocou um aviso sobre o tuíte falacioso, afirmando que a publicação violou as regras da plataforma digital sobre a publicação de informações enganosas e que têm o poder de prejudicar as pessoas ao divulgar informações erradas sobre a covid-19.
Mas o Twitter afirmou que pode ser do interesse público que o tuíte permaneça no ar. Já não era mais possível ver a contabilização das curtidas e dos compartilhamentos. O Twitter ainda se explicou dizendo que em sua política de uso, se um post de uma autoridade mundial violar as regras, mas se existir um evidente interesse público para manter o post ativo, a rede social irá colocar atrás dele um aviso que irá contextualizar a violação e irá permitir que os usuários cliquem e vejam a publicação se forem de sua vontade.
Segundo Yasmin Curzi, especialista em direito digital, da FGV-Rio, o aviso tem o potencial de informar, ele pode incentivar o usuário a procurar informações verídicas em outras plataformas e quebrar o ciclo da desinformação, disse a especialista.
Ivar Hartman, também especialista em direito digital e professor associado do Insper, concordou com a colega. Ele disse que acrescentar uma nova informação, um aviso ou ainda um link para que o internauta chegue à informação verdadeira é uma boa medida, pois “não suprime a manifestação de um usuário".
Veterano
Engana-se quem pensa que esta foi a primeira vez que o Twitter puniu as postagens do presidente brasileiro. No mês de março do ano passado, Bolsonaro já teve publicações apagadas no Twitter por violar as regras relacionadas a conteúdos que falavam sobre a pandemia.
Jair Bolsonaro, para infelicidade do Brasil, é extremamente competente em copiar Donald Trump, o que o marido de Michelle Bolsonaro parece não ter entendido é que as atitudes de seu ídolo não deram bons resultados para Trump no final das contas.