A Netflix estreou a produção “A Escavação” (The Dig, no original em inglês). O filme é baseado no romance homônimo de John Preston. O filme tem direção de Simon Stone, de “A Filha” (2017), com roteiro de Moira Buffini, de “O Último Vice-Rei” (2017). O longa-metragem é protagonizado por Carey Mulligan e Ralph Fiennes. Ainda estão no elenco: Lily James, Ben Chaplin, Johnny Flynn e Ken Scott.

História real

O filme é baseado em eventos reais. A trama é ambientada em 1939, em uma Inglaterra prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. A rica viúva Edith Pretty (Mulligan) vive com seu filho Robert (Archie Barnes) em Suffolk.

Ela contrata Basil Brown (Fiennes), um arqueólogo amador, para escavar alguns montes que estão em suas propriedades.

Este tipo de atividade é realizada normalmente por museus, mas devido à situação em que o país passava no momento, a tensão com a possibilidade de entrar em uma guerra, não era possível negociar com um museu.

Arqueologia

Basil Brown era um experiente escavador, que apesar de ser brilhante, não tinha um treinamento formal como arqueólogo, tendo herdado do pai a paixão pela profissão. Por coincidência, sua contratante também tem paixão pela arqueologia. O escavador então faz uma grande descoberta, que além de virar notícia nacional, atrai o interesse do Museu Britânico.

O roteiro de Moira Buffini usa a arqueologia como pano de fundo para construir as relações entre os personagens, mas vai além do didatismo e se interessa mais no que a ciência representa para as pessoas, como o estudo de vestígios materiais pode contar para as pessoas aspectos dos proprietários daqueles materiais.

Ao promover o encontro dessas pessoas que valorizam a arqueologia, o filme constrói uma bela narrativa.

Carey Mulligan está perfeita no papel de uma mulher sóbria que, depois de ter sofrido com a morte do marido, agora terá que enfrentar um outro desafio em sua vida que envolve também a morte. A conexão com o personagem de Ralph Finnes é construída aos poucos, a relação passa de apenas um vínculo de trabalho para uma amizade verdadeira, dado o entendimento de ambos sobre a arqueologia.

O filme em determinado momento até insinua que a viúva tem um interesse amoroso em Basil Brown, mas isto não é levado adiante, pois ele era casado.

No segundo ato, o filme ganha o acréscimo de novos personagens: Peggy Piggott (Lily James) e seu marido Stuart (Ben Chaplin). Curiosamente, o escritor John Preston em suas pesquisas para escrever a obra que originou o filme da Netflix descobriu que Peggy era sua tia.

A trama desses novos personagens quebra um pouco do brilho que a história vinha mantendo até então, a subtrama acabou dando ares novelescos ao filme, que funciona mesmo com o arco dos personagens principais e as reflexões sobre a arqueologia, tanto para eles quanto para o restante da humanidade.