Circula no Congresso Nacional e também entre alguns assessores do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), uma sugestão para que o mandatário exonere o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, com um “mimo”: uma promoção no Exército. As informações são da coluna da jornalista Carla Araújo, do site UOL.

Constituição

Mas a ideia, que partiu de civis, teria ao menos dois impeditivos, e o primeiro deles é a própria Constituição Federal. Em uma lei da carta magna que fala sobre as promoções de oficiais da ativa, um general de intendência, como é Pazuello, somente alcança até as três estrelas, as quais ele já tem.

A dificuldade nessa possibilidade é que teria que ser feita uma alteração na Constituição, caso o presidente fosse dar mais uma estrela para seu ministro da Saúde. Nesse caso, ele estaria indo contra a tradição e a hierarquia militar, e ainda teria o agravante de poder gerar um efeito em cascata em promoções de generais de três estrelas, ie sto iria impactar no orçamento da folha de pagamentos das Forças Armadas.

Uma possível alteração na Lei para conceder uma condecoração a Pazuelo iria gerar um grande desgaste com a alta cúpula das Forças Armadas, principalmente com o Exército. Generais que foram ouvidos pelo UOL não aprovaram essa possibilidade.

Não é nenhum segredo que entre os militares há uma imensa insatisfação pelo fato de Eduardo Pazuello ainda estar na ativa, mesmo ocupando o cargo de ministro da Saúde.

Apesar da pressão de seus pares, cabe ao próprio Pazuello a decisão de passar para a reserva e não há nada que o comandante do Exército, o general Edson Pujol, possa fazer.

Crises

As recentes crises no Ministério da Saúde, como a crise sanitária em Manaus (AM), desgastaram ainda mais Pazuello com os militares. Além do Exército, no Ministério da Defesa houve uma revolta com a atuação do ministro na gestão da crise.

Os militares avaliam que Pazuelo não tem conseguido dar ênfase e divulgar de maneira correta as ações dos militares no combate à Covid-19, incluindo a situação no Amazonas.

Operação covid-19

Desde o começo da pandemia da Covid-19, em março de 2020, a chamada Operação Covid-19 das Forças Armadas envolveu 34 mil militares. O Ministério da Defesa divulgou números que informam que foram entregues seis milhões e meio de kits alimentação e mais de vinte e cinco mil toneladas de matéria, entre insumos hospitalares e medicamentos.

As Forças Armadas também são responsáveis por campanhas de doação de sangue em que quase 40 mil doadores voluntários reabasteceram os estoques de hemocentros e hospitais.

Sob investigação

Na quinta-feira (4), Eduardo Pazuello teve que prestar depoimento à Polícia Federal (PF) em relação ao inquérito que está em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal), que investiga se o ministro se omitiu no caso da falta de oxigênio em Manaus e se houve má conduta na condução da crise no Amazonas.

Em seu depoimento, Pazuello apresentou documentos e uma cronologia dos atos de sua pasta na crise sanitária do Amazonas, o depoimento levou quatro horas. Dependendo dos resultados do processo, os militares afirmam que o general Pazuello pode ter que prestar contas também na Justiça Militar.