O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ofendeu uma repórter por simplesmente fazer o que repórteres fazem, perguntas. A jornalista perguntou ao irascível líder do Executivo sobre uma foto que havia sido divulgada pelo próprio Palácio do Planalto. Na fotografia, Bolsonaro é visto com uma placa que simula um cartão de CPF em que se via a palavra "cancelado". O termo “CPF cancelado” é conhecido no jargão da milícia e entre policiais que praticam execução sumária.

A lei é para os outros

A agressão verbal do presidente da República à repórter Driele Veiga, da TV Aratu, aconteceu na última segunda-feira (26), quando o mandatário se encontrava na Bahia.

Jair Bolsonaro foi a Feira de Santana para a inauguração de um trecho de 22 km de duplicação de uma rodovia.

Durante sua visita, como sempre ocorre nos locais que vai, ele causou aglomeração, estava sem máscara --desobedecendo à lei que torna obrigatório o uso do item- - também andou de carro com a porta aberta, cometendo assim mais uma infração.

A jornalista pediu que Bolsonaro comentasse sobre as críticas que ele recebeu por ter posado para foto com a placa com a inscrição polêmica no momento em que o Brasil se aproxima do número de 400 mil mortes pela Covid-19, foi quando Bolsonaro foi deselegante com a jornalista.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) afirmou que lamenta que uma vez mais tenha que divulgar nota que critica o comportamento do líder da nação.

No texto da entidade, foi destacado que não se pode deixar de repudiar o xingamento de Bolsonaro contra a jornalista Driele Veiga, que foi ofendida somente por estar fazendo o seu trabalho “que é entrevistar aquele investido em cargo público”, dizia a nota.

Vai trabalhar

Sobre o ocorrido, Rui Costa (PT), governador da Bahia, se pronunciou nas redes sociais.

Costa afirmou que, ao invés de ir trabalhar, Bolsonaro ataca os governadores e faz ameaças às instituições, além de provocar aglomerações, desprezar imunizantes e ainda continua sua prática de agredir jornalistas. O governador ainda prestou solidariedade à jornalista ofendida por Bolsonaro e a todos os profissionais da imprensa que têm que conviver com a rotina de ofensas do ocupante do Palácio da Alvorada.

Também o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), falou sobre o caso. Ele prestou solidariedade à repórter e ressaltou que o trabalho da imprensa é essencial no regime democrático.

Jair Bolsonaro é um veterano nos ataques à imprensa, segundo o que foi informado pela Repórteres Sem Fronteiras, o líder do Executivo e seus filhos fizeram no ano passado 469 ataques a meios de comunicação. Em março de 2021, o presidente foi condenado a pagar uma indenização no valor de R$ 20 mil por danos morais à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. Patrícia processou Bolsonaro depois de ter sofrido um ataque de teor sexual, durante uma entrevista do presidente no dia 18 de fevereiro do ano passado.